“IREMOS ABATER A GRANDE MAIORIA DAQUELES PINHEIROS”
Está dito. Sem que ninguém tivesse esboçado uma qualquer reacção. A frase fez parte da apresentação da prestação de contas de 2022, na primeira reunião da sessão da Assembleia Municipal de Sesimbra, realizada no passado dia 26 de Abril de 2023.
A afirmação resultou da referência à consolidação do projecto das hortas solidárias, com a inauguração e atribuição de (e cito parcial e textualmente): “mais talhões aqui na na nas hortas de Sampaio, onde temos também a nossa vinha, temos a nossa vinha a vinha da Câmara Municipal de Sesimbra, e onde temos também a...... o parque com oliveiras. Portanto queremos fazer ali um grande parque a...... a...... urbano ali naquela zona e para isso também estamos a desenvolver um projecto para o jardim a...... próximo da da escola da CERCI, que vai ser todo remodelado.”
Primeira pergunta: “Queremos fazer ali um grande parque a...... a...... urbano ali naquela zona”. Um “grande parque a...... a...... urbano”? Então mas o Parque Augusto Pólvora que existe ali, a meia dúzia de metros, não chega? É preciso fazer outro “grande parque a...... a...... urbano” num local que, conforme definiu o PDM publicado em 1998 e em Revisão há mais de 16 anos, destinou aquela área a (artigo 39º. do regulamento): “núcleo escolar e desportivo de importância concelhia, incluindo escola C+S e escola secundário; a norte, pavilhão gimnodesportivo (em construção), piscinas coberta e descoberta, campo de futebol e pista de atletismo (é considerado projecto estratégico); a sul da variante à área central de Santana inclui ainda um mercado municipal”?
O que deveria ser executado naquele local seria o programa definido pelo PDM. Digo eu. Até porque se o programa definido no PDM em vigor foi alterado pela proposta de Revisão, importa lembrar a afirmação proferida numa Assembleia Municipal de que “não há um período de nojo entre o início do procedimento da Revisão e a publicação do novo PDM ou PDM revisto. Portanto mantêm-se as regras do que estão, do que está em vigor…”
Continuemos. O “jardim a...... próximo da da escola da CERCI” precisa de facto de uma intervenção urgente. Não sei se será de uma remodelação. Mas de uma limpeza geral está de facto a precisar, urgentemente. Cito parcial e textualmente:
“Eu também já tive oportunidade de dizer a...... temos tido algumas reclamações e tem-nos sido pedido o abate de alguns daqueles pinheiros-mansos que estão lá, nós fizemos uma poda preventiva também a alguns deles, abatemos um ou dois, e iremos abater a grande maioria daqueles pinheiros mas só após ter um projecto a...... que os cidadãos possam ver e com a substituição dessas mesmas árvores naquele local.”
Pois é. Existem uns lindos pinheiros-mansos naquele espaço (que está completamente abandonado e sem qualquer tipo de manutenção) e que “iremos abater a grande maioria”. E o que nos descansa a todos é que esse abate só se irá realizar depois de elaborado “um projecto a...... que os cidadãos possam ver e com a substituição dessas mesmas árvores naquele local”. E pasme-se:
“Para além disso a......, e eu também sou da opinião que todos os outros pinheiros-mansos que estão em frente a esta a estes segundo, digamos a este segundo talhão das hortas solidárias, a...... ali, que devem ser substituídos por outro tipo de árvores porque os pinheiros-mansos têm as raízes que estão a danificar as infraestruturas, não só as que estão enterradas mas também as estradas os passeios e isso tudo. E portanto também terão que ser substituídos. O pinheiro-manso é bonito, é uma árvore que cria uma copa grande, que tem grande imponência, mas depois... não pode ser é colocado junto deste tipo de infraestruturas, ou de habitações ou de muros ou de... porque com as raízes vai vai vai destruir tudo."
Nem sei que diga. As imagens que ilustram este post falam por si. São estes os pinheiros-mansos que na “opinião”, devem ser abatidos:
Trata-se de uma acção que seria de enorme valor porque, a Câmara Municipal de Sesimbra com a experiência que detém, sabe que as árvores são um flagelo. E “o pinheiro-manso é bonito, é uma árvore que cria uma copa grande, que tem grande imponência, mas depois... não pode ser é colocado junto deste tipo de infraestruturas, ou de habitações ou de muros ou de... porque com as raízes vai vai vai destruir tudo."
Com uma acção de formação dirigida a todos os Municípios portugueses, poupar-se-iam milhares de euros dos impostos dos portugueses. E até, quiçá, propor uma qualquer norma a ser confirmada pela União Europeia; para que todos os estados membros sigam o exemplo de Sesimbra: quando uma árvore, com dezenas de anos, estiver num espaço público a destruir “as estradas os passeios e isso tudo”, a solução é abatê-la e substitui-la por outra (não sabemos qual; a Câmara de Sesimbra indicará com toda a certeza a melhor espécie a adoptar).
E no caso da praga dos pinheiros-mansos, talvez não fosse má ideia a União Europeia nomear uma comissão que visasse divulgar as boas práticas de Sesimbra, adotando uma medida para todos os estados membros: é proibida a plantação de pinheiros-mansos nos espaços públicos adjacentes a infraestruturas, “não só as que estão enterradas mas também as estradas os passeios e isso tudo”. E no caso em que existam pinheiros-mansos nestas localizações, devem ser imediatamente abatidos e substituídos por outras árvores melhores e mais bonitas! Valha-nos Deus.
Onde é que (por exemplo) as Câmaras do Seixal, Setúbal, Lisboa, Porto,… têm a cabeça? Para continuarem a manter as árvores de porte ao longo dos arruamentos, reabilitando as caldeiras para que as raízes e os troncos se possam desenvolver?
Partilho apenas algumas imagens da Câmara do Porto (e também o link à notícia "Mais 200 caldeiras de árvores melhoradas em vários pontos da cidade"), sobre a operação de reabilitação que estão a realizar nas caldeiras de árvores no espaço público e onde, as raízes e troncos “estão a danificar as infraestruturas, não só as que estão enterradas mas também as estradas os passeios e isso tudo”. Para a Câmara do Porto, o que está bem no espaço público, são as árvores com dezenas de anos! O que precisa de ser alterado é a envolvente à própria árvore e não, o abate das árvores que “estão a danificar” os pavimentos ao seu redor.
Onde é que as Câmaras do Seixal, Setúbal, Lisboa, Porto,… têm a cabeça? Para continuarem a plantar no espaço público reabilitado (recentemente), pinheiros mansos? As imagens abaixo são apenas alguns exemplos do muito que se faz nestas cidades.
Sinceramente.
Ser “da opinião que todos os outros pinheiros-mansos que estão em frente a esta a estes segundo, digamos a este segundo talhão das hortas solidárias, a...... ali, que devem ser substituídos por outro tipo de árvores porque os pinheiros-mansos têm as raízes que estão a danificar as infraestruturas, não só as que estão enterradas mas também as estradas os passeios e isso tudo”, não lembra a ninguém.
Essa “opinião” que culminará no abate de árvores de porte (no caso, pinheiros-mansos) ao longo de arruamentos e que, no seu crescimento normal, extravasam os limites das caldeiras, será apenas o princípio do fim. A partir de agora, todas as árvores que tiverem as raízes a “danificar as infraestruturas, não só as que estão enterradas mas também as estradas os passeios e isso tudo”, correm o enorme risco de ser abatidas, perante o silêncio de todos os deputados municipais.
Indignemo-nos! Para abates já chega o que chega! Sendo que os casos mais recentes são os que referi em “AS ÁRVORES NÃO, DIGAMOS ASSIM, NÃO GOSTARAM DO SOLO” e em O QUE RAIO ACONTECEU ÀS ÁRVORES EM SANTANA?
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