Uma “onda de mudança” para “fazer melhor; marcar o rumo”, porque “Sesimbra merece mais” perante um “futuro de confiança”. Estas são para já, as frases efeito, os slogans de campanha dos partidos locais que já deram a conhecer os seus candidatos. 

Uma coisa é certa: apesar do “futuro de confiança” agarrado ao passado de 8 anos que nos trouxe até aqui, a alternativa é para “marcar o rumo” numa “onda de mudança” com a promessa de “fazer melhor”. Porque “Sesimbra merece mais”. Sem dúvida nenhuma, Sesimbra merece muito mais. 

Até porque, depois de uma gestão de 8 anos do PS e, depois de uma gestão de 12 anos do Presidente Augusto Pólvora, Sesimbra parecia caminhar na direcção certa, rumo a um futuro desenvolvido, positivo, atractivo, competitivo, inspirador, integrador, apelativo, de confiança. Até que, em 2017, uma nova gestão, com outra visão trouxe-nos até aqui. 

Sesimbra merece mais”, muito mais. Que venha a “onda de mudança”, que venham ondas de várias mudanças. É preciso um “novo rumo”. Urgentemente. Num “futuro de confiança”? Num futuro que seja transparente e respeite em primeiro lugar a vontade dos sesimbrenses. 

Ninguém quererá um segundo “partido da Câmara” que, depois de atribuídos pelouros, tempos e meios-tempos, arruma a “onda de mudança”, o “fazer melhor”, o “futuro de confiança”, entregando-se de braços bem abertos a uma gestão que ninguém escolheu. “Sesimbra merece mais”, mas muito mais. 

Ninguém quererá um novo executivo mudo e quedo, que assista enfadonhamente às reuniões de Câmara, deliberando unanimemente, sem perguntas, sem debate, sem dúvidas, sem partilha de diferentes pontos de vista, inclusive, políticos. O executivo em funções delibera sobre todos os pontos da ordem de trabalhos, em silêncio, contentando-se com um monólogo que repete consecutivamente: «quem vota contra quem se abstém aprovado por unanimidade». Que venha a “onda de mudança”, que venham ondas de várias mudanças. 

Ninguém quererá um novo executivo a realizar à porta fechada, em segredo, reuniões deliberativas de Câmara. Em 50 anos de democracia, o actual executivo implementou por onze vezes esta nova dinâmica que em nada respeita os valores democráticos e as conquistas de Abril. É preciso “fazer melhor”, muito melhor. Em nome da democracia e dos valores democráticos. 

Ninguém quererá um novo executivo a apagar, a eliminar dos editais das ordens de trabalhos das reuniões de Câmara, todas as informações relativamente às deliberações tomadas. Desde a reunião de Câmara de dia 5 de Fevereiro de 2025 que as ordens de trabalhos apresentam apenas um título, sem especificar absolutamente nada sobre o assunto deliberado. O executivo em funções apagou, eliminou dos editais, por exemplo, as condições dos empréstimos a contrair; os montantes dos subsídios atribuídos e a quem; as especificidades e condições a que devem obedecer os loteamentos, edifícios e empreendimentos turísticos aprovados e que, pela sua grandeza, alteram para sempre o território municipal. E, desde o dia 18 de Junho de 2025, apagou, eliminou dos editais aquelas que são as intervenções do público presente (que questionam o executivo) e, consequentemente, as respostas do executivo às questões colocadas. Medidas opacas como esta (e outras) conduzem apenas ao descrédito, à abstenção, ao afastamento e ao crescimento de ondas populistas e extremistas (conforme referi na minha crónica de Março). Um “futuro de confiança” só existe se alicerçado na transparência. 

Ninguém quererá um novo executivo opaco e fechado sobre si próprio, a decidir dentro de quatro paredes em segredo, ignorando os sesimbrenses e descartando a opinião de todos. Com o executivo em funções, ficámos a saber que a “opinião do cidadão comum, vale o que vale”. Aliás, a “opinião do cidadão comum” só vale no exacto dia em que se vota. Depois, “vale o que vale”. E o exemplo recente, absolutamente desastroso e sobre o qual se torna difícil encontrar palavras que o descrevam, é a intervenção na Marginal de Sesimbra. Não foi partilhada uma única imagem, uma única ideia, uma única proposta. Não houve debate, não houve partilha, não houve auscultação da população. (Foi realizada reunião apenas com comerciantes da Marginal). Porque, diz o Presidente da Autarquia, “é competência da Câmara”. E claro, desde quando é que a opinião dos sesimbrenses, dos cidadãos comuns, valeria o que quer que fosse sobre esta (e outras) matérias? Os sesimbrenses, os cidadãos comuns, terão oportunidade de ver a obra no terreno. E depois, só depois, poderão ter opiniões. Mas essas, como é óbvio, nada irão alterar porque, nas palavras do Presidente da Autarquia “é um projecto que não agrada a toda a gente mas foi a visão que se teve” na tal “competência” que é da Câmara. Não sendo um slogan de campanha mas apenas em tom de desabafo: “Chega disto pá!” Sem dúvida alguma! 

Ninguém quererá um novo executivo que perante matérias polémicas e que provocam, desde sempre, as mais diversas opiniões e indignações na opinião pública, as mesmas sejam tratadas discretamente, entre os pingos da chuva, para que ninguém dê por elas. Refiro-me, e apenas para dar um exemplo, à consulta pública sobre um dos empreendimentos turísticos previstos para o Meco. Apenas um partido politico se manifestou, num comunicado ‘politicamente correcto’. Foi pena. Em ano de eleições, seria o momento certo para que todos os partidos políticos locais mostrassem uma qualquer visão sobre o território concelhio, sobre o turismo, sobre a ruralidade, sobre a paisagem e os valores naturais, sobre as acessibilidades, sobre as infraestruturas de abastecimento público, sobre o impacto destas matérias na população residente, no cidadão comum que vota. É preciso “marcar o rumo”. Com toda a certeza.

Confesso a minha curiosidade sobre os programas e promessas eleitorais que irão surgir nos próximos meses. Será que algum partido irá apresentar uma visão, uma estratégia, um caminho, um “novo rumo”, uma “onda de mudança” que leve Sesimbra de facto para um “futuro de confiança”? 

Termino com uma nota: O actual Presidente e recandidato a Presidente da Autarquia, numa entrevista ao jornal regional “O Setubalense”, afirmou: 

A CDU fez o maior volume de investimento de sempre no concelho de Sesimbra”. 

Talvez esta afirmação explique muita da confusão evidente entre aquilo que é uma ‘entidade’ e aquilo que é um ‘partido’. Não foi a CDU (o ‘partido’) que fez o que quer que fosse de investimento. Foi a Câmara Municipal (a ‘entidade’), através do dinheiro dos nossos impostos e de fundos comunitários (provenientes também, dos nossos impostos: Portugal contribui anualmente, para os cofres europeus - que financiam projectos e programas em todos os estados membros - com cerca de 0,9% do rendimento nacional bruto. É muita massa). 

E não, não é um investimento da CDU. É um investimento dos portugueses, dos sesimbrenses, do dinheiro dos nossos impostos (relembro que os partidos políticos não pagam impostos: «IMT», «IMI», «IUC», «IRC»,…). No caso, é investimento promovido pela Câmara Municipal (com o dinheiro dos contribuintes), cujo executivo (conforme foi afirmado pela CDU na reunião de Câmara de 11 de Abril de 2025 e que referi na minha crónica de Maio) é, afinal, de «gestão partilhada» integrando três elementos da CDU, três elementos do PS e um elemento (eleito pelo Chega) independente. 

A frase seria: a Câmara Municipal "fez o maior volume de investimento de sempre no concelho de Sesimbra”. Mal seria que, perante uma fonte de financiamento a 100% (PRR), o executivo desta «gestão partilhada», deixasse Sesimbra “fora de jogo”.




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