LUZES NO CASTELO... E DE NATAL

Depois dos ensaios de dia 12 de Julho (LINK) e dos ensaios de dia 22 de Novembro, eis que passados 3 anos, 3 meses e 11 dias, foi anunciada a inauguração da nova iluminação das muralhas do Castelo de Sesimbra (depois da iluminação que existia ter ardido, parcialmente, no incêndio de Agosto de 2019). Tal inauguração contou com um vídeo em directo que transmitiu o momento em que as luzes se acenderam por volta das 18 horas do dia 23 de Novembro de 2022. 

Não sei se terá existido uma qualquer razão para a escolha do dia 23 de Novembro para tão grandiosa inauguração mas, na verdade, e depois de uma rápida pesquisa pela net, poderá ser um bom presságio uma vez que, tratando-se de uma instalação eléctrica, a inauguração da mesma ocorre no dia dos engenheiros electricistas… no Brasil. E talvez isso possa explicar o facto do Presidente da Câmara ter referido que havia um qualquer problema num dos circuitos que poderia atrasar a inauguração (e que terá provocado no vídeo transmitido em directo, mais de 4 minutos às escuras).

E o que dizer sobre a iluminação? Que esteve períodos apagada (provavelmente derivado do problema num dos circuitos), que o nevoeiro não ajudou, dado que a determinada altura o próprio Castelo deixou de se ver. 

E não sei se alguém terá reparado mas, as cores da bandeira estão ao contrário. As cores da bandeira portuguesa são, nesta ordem: verde, amarelo e vermelho. Ora se as torres (de Menagem e D. Dinis) estão de amarelo, a cor à esquerda das mesmas deveria ser verde e, a cor à direita deveria ser vermelho.

Acresce que, se assim fosse, as cores da bandeira estariam ao contrário nas muralhas voltadas a sul e norte. O que terá levantado provavelmente uma grande dificuldade: para iluminar com as cores certas as muralhas do Castelo voltadas a sul e a norte, nas torres a nascente e poente as cores da bandeira ficavam ao contrário.

E ao invés de encontrarem uma solução, decidiram iluminar as torres de amarelo, como se ninguém se apercebesse que as cores estavam ao contrário. Curiosamente, (coincidência fantástica) as cores da bandeira do Gana são, nesta ordem: vermelho, amarelo e verde. Significa portanto que Sesimbra, para além de mostrar no seu Castelo o apoio à selecção nacional portuguesa, mostrou também o apoio à equipa do Gana. Bonito. Um verdadeiro exemplo de «fair-play». 

Ora se o Castelo de Sesimbra tem quatro alçados (o alçado correspondente à muralha norte e que é visível da Vila de Sesimbra; o alçado correspondente à torre de D. Dinis – a poente – visível do Zambujal; o alçado correspondente à muralha sul, visível da Corredoura; o alçado correspondente à torre de menagem – a nascente – visível na estrada que desce de Santana para a Vila e, do baloiço panorâmico na Estrada de Argéis, com vista privilegiada sobre a iluminação) na minha opinião, a solução seria a de implementar quatro circuitos diferentes que, reproduzissem a bandeira portuguesa correctamente nos quatro alçados do Castelo. Digo eu, que não percebo nada de nada de electricidade nem de circuitos eléctricos mas sei, tal como qualquer aluno do ensino básico, as cores da bandeira nacional e a sua sequência.

E permitam-me a seguinte pergunta: para que servem aqueles postes horrorosos que se assumem durante o dia como elementos dissonantes e descaracterizadores da beleza do outeiro rochoso onde o Castelo se localiza (LINK)? Porque é que os projectores não foram integrados na paisagem, ocultados pelas próprias árvores ou encostados ao solo? 

Conseguindo-se um efeito luminoso discutível, durante a noite, conseguiu-se um efeito desastroso, durante o dia.

Durante o dia o que se vê são um conjunto de postes espetados na encosta do Castelo, sem qualquer tipo de enquadramento. 

Permitam-me as sugestões:

  • Estabeleçam uma parceria com as empresas de telecomunicações e disponibilizem os postes para a colocação de antenas disfarçadas de árvores;
  • Ou outra ideia melhor: ofereçam os postes para colocação de painéis publicitários (iguais e em complemento aos que ornamentam a rotunda do Marco do Grilo);
  • Ou então, numa solução solidária e integradora, coloquem uns fios a ligar cada um dos postes (como fazem na Marginal de Sesimbra) e disponibilizem como estendal comunitário;
  • Ou melhor ainda: arranjem uns autocolantes com imagens de pedras e mandem alguém colar pelos postes acima!;
  • Outra hipótese será a de aproveitar os postes já colocados para definir um percurso elevado circundante ao Castelo, com um passadiço que ligue toda a estrutura do monumento à casa mortuária (recentemente inaugurada como espaço de apoio ao caminhante);
  • Ou ainda mais visionário: aproveitar os postes e implementar  um teleférico panorâmico com entrada e saída nas Torres (de Menagem e D. Dinis) mas, com a sequência certa das cores da bandeira portuguesa. 

Ficam as ideias! 

Relembro que foram gastos mais de 74 mil euros nesta iluminação sendo que, numa altura em que o impacto da guerra (provocada pela Rússia com a invasão e ataque militar à Ucrânia) impõe medidas de poupança energética (nomeadamente na iluminação de património), Sesimbra arrisca-se a ficar sem iluminação nocturna mas, durante o dia, com um conjunto de postes que não lembram ao diabo! Nem sei que diga.

E dentro desta realidade, eis que a Autarquia investiu (sabe-se lá quanto) na iluminação natalícia do Concelho. E vou apenas referir-me à Vila de Sesimbra por ser o local de eleição de todos os que nos visitam na passagem do ano. E nem sequer vou dizer uma palavra sobre a iluminação do pinheiro do Jardim de Sesimbra. Nada disso.

O que vou falar é sobre um fenómeno que ocorre todos os anos mas, este ano, de maneira ainda mais evidente. Pergunto: alguém conhece outro sítio do mundo onde, a iluminação natalícia ilumine candeeiros de iluminação pública? 

Ora se o candeeiro é de iluminação pública, não precisará de ser iluminado! O que se ilumina no Natal são árvores. Árvores! Não são candeeiros de iluminação pública! Mais: o que se ilumina no Natal são (para além das árvores) largos e fachadas de edifícios públicos. Simples.

Permitam-me a sugestão: iluminem árvores. Árvores! Iluminem os largos apenas com uma estrutura qualquer (por exemplo uma bola de natal gigante e iluminada; que se torne ela própria numa atracção natalícia); iluminem a Câmara Municipal e o Auditório Conde Ferreira (que também está, no seu maior alçado, com as cores da bandeira portuguesa ao contrário; vá-se lá perceber isto...) - (NOTA: entretanto, já estão certas :) ).

Colocar uma estrutura circular  (rodeando candeeiros de iluminação pública) da qual saem 4 tubos de ferro encimados por quatro globos brancos (daqueles que se utilizavam antigamente nas casas de banho), e um conjunto de cabos e caixas eléctricas (acessíveis a qualquer pessoa), é de facto uma coisa linda para ornamentar natalíciamente, a Marginal de Sesimbra. 

Querem iluminar a Marginal? Acendam os candeeiros que estão embutidos no muro da praia. Coloquem luz nas palmeiras e nas árvores que existem. Promovam uma qualquer parceria com o comércio local e com as associações de condóminos e atribuam um qualquer subsídio para que os edifícios sejam iluminados. Iluminem os morros do Macorrilho e Alcatraz. Iluminem a escarpa da Califórnia. Agora isto? Poupem-nos.







Comentários

Mensagens populares