NUM DOS PONTOS MAIS ALTOS DE SESIMBRA, O NOVO CENTRO SAÚDE
Durante anos, o Centro de Saúde assumiu-se como um dos centros da Vila de Sesimbra. Aos poucos e lentamente, foi perdendo o brilho… chegando aos dias de hoje. E com ele também a Vila se transformou. Há menos gente, há menos jovens,… e a população residente envelheceu. E a crescente desertificação da Freguesia de Santiago conduziu às alterações que o Centro de Saúde tem vindo a sofrer.
Mas, numa terra como Sesimbra, sazonal e turística, que no verão mais que triplica (digo eu) a população, a Vila não pode deixar de ter um Centro de Saúde que garanta a assistência aos seus residentes mas também a todos os que fazem funcionar os sectores económicos mais importantes da freguesia de Santiago: o turismo (alojamentos e actividades turísticas), o comércio e a restauração. Sem um Centro de Saúde em pleno, Sesimbra será um destino turístico débil porquanto não apresenta uma assistência médica capaz e eficiente. E começaram a surgir as ideias para um novo Centro de Saúde em Sesimbra.
E eu, que não sei nada de nada sobre esta matéria, pergunto: porque é que o Centro de Saúde não se mantém na actual localização: numa zona plana, de fácil acesso e central? Não teria sido possível uma parceria com a Santa Casa da Misericórdia, destinando todo o piso térreo do edifício (que se estende pela Avenida da Liberdade) devidamente recuperado e equipado de acordo com as normas definidas pela Saúde? Não teria sido possível uma parceria com a Santa Casa da Misericórdia, destinando o segundo piso e possibilitando a ampliação do mesmo (os edifícios na Avenida da Liberdade têm quatro pisos) no sentido de contemplar as exigências legais e as expectativas da própria Santa Casa da Misericórdia?
Pelos vistos não. O Centro de Saúde tem de sair das instalações da Santa Casa da Misericórdia (e perdoem-me se na altura desta decisão, a mesma foi tornada pública; sinceramente não me recordo se algum dia as razões que levaram a esta decisão foram do conhecimento público).
Primeira hipótese conhecida publicamente para as novas instalações do Centro de Saúde: Edifício da Rua Aníbal Esmeriz, onde funcionou a “Mercearia Ideal”. Na altura desta hipótese, alguém me perguntou a minha opinião. Confesso que disse que nunca tinha pensado nisso mas que, de repente, não me parecia uma boa ideia. E hoje explico porquê:
O edifício da Rua Aníbal Esmeriz tem uma história que deve ser preservada, nomeadamente a sua Mercearia enquanto lugar icónico daquele que já foi um dos largos mais emblemáticos da Vila de Sesimbra. Considero que aquele edifício deveria ser reconstruído, destinando fogos para habitação de sesimbrenses, com rendas acessíveis, combatendo a desertificação do centro da Vila, recuperando a Mercearia e devolvendo vida a todo o espaço público que o rodeia. Dito isto, considero também que pelas características arquitectónicas do edifício o mesmo teria de receber o Centro de Saúde em altura o que, para uma população residente envelhecida e com mobilidade condicionada, seria uma solução difícil de implementar. Acresce que, e apesar de esta localização continuar no centro da Vila, em termos de acessos, nomeadamente de urgências, a rua é estreita e sem estacionamento.
Esta ideia terá sido abandonada e uma decisão foi tomada: Reabilitar o antigo Dispensário da Rua Amélia Frade. E ao que se sabe, avançou o projecto. Aqui, apesar de estar fora do centro da Vila e num local que inicia uma subida, a verdade é que continuaria perto e de fácil acesso ao centro, sendo que o estacionamento, nomeadamente de urgências, estaria assegurado. E neste caso, tratava-se de reabilitar um edifício que já tinha albergado um Dispensário, sendo que o mesmo se desenvolvia num piso térreo. Aparentemente, seria uma decisão/construção pacífica.
De repente, este projecto de instalar o Centro de Saúde nas antigas instalações (reabilitadas) do Dispensário, foi descartada e, avançou-se para um projecto novo, construído de raiz, no Largo da Cruz (no topo do Largo do Calvário), paredes meias com o bairro dos pescadores (e perdoem-me mais uma vez se na altura desta decisão, a mesma foi tornada pública; sinceramente não me recordo se algum dia as razões que levaram a esta decisão foram do conhecimento público). O projecto avançou, foi aprovado, foi adjudicado e está em construção.
Que fique claro que concordo completamente com a decisão de construir um novo Centro de Saúde em Sesimbra. Pelos motivos que acima expliquei.
O que não concordo é com a localização escolhida: a zona mais alta da Vila de Sesimbra.
De difícil acesso a todos aqueles que se deslocam a pé e que, serão a grande maioria dos moradores (idosos e de mobilidade condicionada) e dos que escolhem a Vila de Sesimbra como destino turístico.
Para quem está na Vila de Sesimbra, o acesso a pé ao novo Centro de Saúde, será pela subida íngreme e perigosa da Rua D. Afonso Henriques (vindo da marginal nascente). Ou pela subida em recta da Rua Afonso de Albuquerque, seguida de uma escadaria até ao topo do Largo do Calvário (fotografia de capa). Ou ainda, subindo a Rua Amélia Frade e entrando na Rua da Cruz (sendo este porventura o caminho mais longo mas menos difícil de efectuar a pé).
Pergunto: com a tomada desta decisão, estão previstos os trabalhos necessários, nomeadamente para assegurar um caminho pedonal livre e desimpedido, que assegure o trajecto do peão em segurança, entre (como li numa entrevista) a baixa e a alta de Sesimbra?
A obra tem um prazo de execução de 550 dias (de acordo com a notícia da Câmara) pelo que até lá, haverá com toda a certeza tempo para encontrar a melhor solução em termos de acessibilidade para todos os que se deslocam a pé e que de algum modo têm a sua mobilidade condicionada. Porque quem se desloca a um Centro de Saúde, estará de alguma forma, debilitado. E os que se deslocam apenas para uma consulta de rotina, serão os residentes que, no caso, são idosos. Muitos com dificuldades motoras, ou cardíacas ou respiratórias. Haverá com toda a certeza uma razão clara e inequívoca para a localização do Centro de Saúde no Largo da Cruz (o ponto mais alto de Sesimbra). Que não apenas o facto de ser aquele, o terreno que estava livre. Uma razão que fundamente a decisão de colocar os residentes da freguesia de Santiago, o povo sesimbrense, numa situação aparentemente, penosa e delicada para os que sofrem de algum tipo de maleita. Seja crónica ou temporária. Ou até, de urgência.
Quero acreditar que tudo está pensado e resolvido. Talvez a autarquia esteja a pensar criar um transporte associado a uma linha telefónica. Por exemplo: um residente precisa de se deslocar ao Centro de Saúde na alta de Sesimbra e, vive na baixa. Telefona e diz: preciso de ir ao Centro de Saúde. E quem atende responde: dentro de cinco minutos estaremos à sua porta para o transportar gratuitamente. E para descer da alta para a baixa, todos os santos ajudam. Mas depende da dificuldade que se tem. Por isso, a viatura ficará à espera do residente para voltar a levá-lo até casa. Isso é que era!
E que tal uma ideia completamente absurda e altamente polémica: o novo Centro de Saúde, ali no limite da freguesia de Santiago, passar a ser o novo Centro de Saúde do Castelo?
E entretanto, encontrar outras soluções, no centro da Vila, para servir em primeiro lugar os seus residentes idosos e de mobilidade reduzida. E até sou capaz de sugerir algumas alternativas:
- numa contrapartida de um investimento privado no centro da Vila (por exemplo, no terreno das antigas instalações da Conserveira do Largo Eusébio Leão e que, de acordo com o projecto que foi partilhado nas redes sociais, prevê no seu piso térreo uma grande superfície comercial-alimentar e que contribuirá inequivocamente (na minha opinião) para a ruína do comércio local: mercearias, padarias e até, do próprio Mercado Municipal);
- numa obra conjunta que integre habitação (rendas acessíveis para os sesimbrenses, combatendo a desertificação da Vila) e o novo Centro de Saúde de Sesimbra, no antigo Ciclo Preparatório, de fácil acesso e igualmente no centro (quando estiver resolvida a localização e construção do novo edifico camarário);
- ou, conforme referi no início, numa parceria com a Santa Casa da Misericórdia, mantendo-se na actual localização: numa zona plana, de fácil acesso e central.
E esta minha ideia absurda e altamente polémica permitiria resolver três problemas do Concelho de Sesimbra, com possibilidade de financiamento no âmbito do PRR (conforme referi AQUI):
- O Centro de Saúde em execução serviria a população da Freguesia do Castelo, (a maior do Concelho), assumindo-se como Centro de Saúde de referência do Concelho de Sesimbra (ficariam resolvidos os problemas relativos às acessibilidades e também as dificuldades de mobilidade dos seus utentes perante as actuais instalações de Santana)
- Numa parceria/acordo com a Santa Casa da Misericórdia de Sesimbra:
- O Centro de Saúde existente (no jardim) seria requalificado, adaptado, ampliado e modernizado, ocupando todo o piso térreo das instalações da Santa Casa da Misericórdia de Sesimbra (que se estende ao longo da Av. da Liberdade), tendo financiamento a 100% através da componente identificada como C1 – SAÚDE, no Investimento denominado “Cuidados de Saúde Primários com mais respostas” (com uma verba que ascende os quatrocentos e cinquenta milhões de euros).
- O lar da Santa Casa da Misericórdia (do jardim), apropriar-se-ia do primeiro piso do actual Centro de Saúde sendo que, na frente da Av. da Liberdade, seria ampliado de acordo com as necessidades e expectativas da própria Santa Casa da Misericórdia (uma vez que os edifícios da Av. da Liberdade têm quatro pisos), tendo financiamento a 100% através da componente identificada como C3 – RESPOSTAS SOCIAIS, no investimento denominado “Nova Geração de Equipamentos e Respostas Sociais para a 1.ª infância, Pessoas Idosas e Pessoas com Deficiência” (com uma verba que ascende os quatrocentos milhões de euros).
Mas claro, esta é só a minha opinião e a minha ideia absurda e altamente polémica. E criticável. Estará nas mãos de quem gere o território municipal e que tem o poder de tomar decisões, apresentar e executar a melhor solução de acessibilidade a todos os munícipes do Concelho e em especial, daqueles que ainda vivem permanentemente na freguesia de Santiago: os mais idosos e com maiores dificuldades em termos de mobilidade e que, enquanto povo residente e eleitor, garante a existência de uma freguesia e dos seus órgãos políticos e/ou partidários.
(E aqui neste ponto não posso deixar de referir o estado em que se encontram as ruas calcetadas do centro histórico de Sesimbra. É urgente dar respostas à população residente, uma vez que as calçadas de vidraço estão gastas, polidas e escorregadias, provocando quedas aos seus utilizadores: a população sesimbrense residente e a mais vulnerável – idosos com mobilidade reduzida e que vêem nas ruas um perigo iminente. Espero sinceramente que seja desta vez que os programas eleitorais prometam (e cumpram) resolver este problema, respeitando em primeiro lugar, a população idosa e residente na freguesia de Santiago. Até porque são eles, e apenas eles (e volto a reforçar o que disse no parágrafo anterior) que garantem a existência de uma freguesia com órgãos eleitos livre e democraticamente).
E já agora: se por lei, as reuniões da Assembleia Municipal são públicas, e uma vez que, fruto da pandemia, as mesmas passaram a ser virtuais, sendo que a última realizada, e conforme foi anunciado, estaria disponível para visualização na Internet pergunto: porque é que a reunião da Assembleia Municipal não está disponível para o tão apregoado povo poder ver e ouvir o que foi dito e por quem? Porque é que para visualizar a reunião da Assembleia Municipal alguém terá de ter um link qualquer para uma área de acesso reservado? Será para outro povo? Que não o povo que é apenas povo? Sinceramente, não percebo o alcance destas inovações revolucionárias, desta maioria de esquerda com o apoio da direita. E tudo em nome do tão apregoado povo!
Alguém disse que era um problema informático. A sério? E vai durar quantas semanas, meses, a resolver? E que tal carregar novamente a gravação? (digo eu que não percebo nada de informática). É que o povo que é apenas povo, tem o direito de ver e ouvir livre e democraticamente. Como no dia em que vai votar e decide quem ganha. Livre e democraticamente.
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