HÁ COISAS QUE NOS DÃO UMA DOR DE ALMA – OUTRA VEZ

O cenário é desolador. Aliás, a imagem que serve de capa a este post, é bem elucidativa: as árvores do Castelo de Sesimbra foram completamente arrasadas. Aquela imagem verde, fresca, apelativa e encantadora, deu lugar a um descampado quente, desolador e triste. 

Não vou embarcar em cenários, suposições, conjecturas ou extrapolações. Vou apenas dizer que, com a passagem da tempestade Martinho (a 20 de Março), o Castelo de Sesimbra esteve encerrado durante 50 dias. Uma baia com um sinal de trânsito proibido, ostentava a seguinte mensagem: 

O Castelo de Sesimbra estará encerrado nos próximos dias para limpeza e remoção de detritos provocados pelo temporal da noite de 20 de março, e para avaliação das condições de segurança. O monumento volta a abrir ao público assim que os trabalhos estejam concluídos e a segurança dos visitantes garantida. A Câmara Municipal apela à compreensão dos munícipes.” 

A expressão “próximos dias” correspondeu a 50 dias. E, hipoteticamente, o Castelo estaria limpo e teriam sido removidos os detritos. Razão pela qual voltava a reabrir, de acordo com a notícia publicada no dia 8 de Maio na página oficial da Autarquia. 

Mas a notícia diz mais: o Castelo reabre depois da tempestade Martinho ter obrigado ao seu encerramento, perante o derrube de “dezenas de árvores”, candeeiros e partes do muro do cemitério (e também estragos no telhado da igreja). 

Significa portanto que, o motivo do encerramento do Castelo decorrente da passagem da tempestade Martinho, não foi para proceder à “limpeza e remoção de detritos” mas sim para retirar o que foi derrubado: “dezenas de árvores”. 

Porque os detritos decorrentes da queda de partes do muro do cemitério, não foram retirados. Foram empilhados, depositados, numa área adjacente que deveria estar limpa e que agora está cheia de entulho! 

Acresce que, passados 50 dias, as partes do muro do cemitério que ruíram, não foram reconstruídas. Para quando essa reconstrução? Será nos “próximos dias”? (Expressão que, como sabemos, poderá corresponder a “anos” – veja-se o exemplo da Estrada das Pedreiras e da reposição da iluminação das muralhas do Castelo: no primeiro exemplo, a expressão “próximos dias” corresponde a “algures durante os 4 anos do próximo mandato”; no segundo exemplo, a expressão correspondeu a mais de três anos). 

A verdade é que foram arrasadas “dezenas de árvores”, arbustos, ervas e ervinhas que enquadravam e tornavam o Castelo de Sesimbra num dos castelos mais bonitos do país. 

Com toda a certeza que existirá um levantamento fotográfico das “dezenas de árvores” que a tempestade Martinho derrubou e que, sustentaram os trabalhos realizados: a criação de um descampado quente, desolador e triste. 

Até porque são visíveis pouco mais de uma dúzia de árvores que, com a tempestade Martinho tombaram, abrindo crateras e mostrando as poderosas raízes. São visíveis “dezenas de árvores” que estão cortadas sem sinais evidentes de uma qualquer queda. E são igualmente visíveis, algumas árvores em que as ramagens partidas não foram retiradas. 

Existindo esse levantamento fotográfico, o mesmo deveria, digo eu, ser divulgado publicamente. Para que, na senda do apelo “à compreensão” os munícipes reajam apenas com espanto e tristeza perante a gravidade do ocorrido. E nessa divulgação, que seja também apresentada uma qualquer proposta de reflorestação das zonas afectadas que devolva ao Castelo de Sesimbra o brilho que detinha: uma imagem verde, fresca, apelativa e encantadora. 

Há coisas que nos dão uma dor de alma.











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