1 MILHÃO VAI SER GASTO NA AQUISIÇÃO DE CARROS!

E foi perante o silêncio dos deputados municipais, na reunião da sessão da Assembleia Municipal de 26 de Abril, que a informação foi transmitida. Do excedente orçamental superior a 9 milhões de euros, 1 milhão vai ser gasto na aquisição de carros. Carros! Para quem? Para quê? Isso era querer saber muito. Calhandros! 

Mas permitam-me desde já a sugestão: se for para renovar a frota automóvel de carros ligeiros, 1 milhão é pouco. Acho que devia ser pelo menos o dobro. Para que todos os Presidentes dos órgãos de soberania local tenham direito a pelo menos um veiculo do tipo Lamborghini. Isso é que era. E para que todos os outros representantes do povo tenham pelo menos, um Maserati cada um. 

(FONTE DA IMAGEM: acp.pt)


Mas se for para renovar a frota automóvel de carros pesados, 1 milhão é igualmente pouco. 

Acho que devia ser pelo menos o dobro. Para que todos os serviços operacionais disponham de viaturas que permitam a efectiva limpeza, renovação e reabilitação do espaço público.

A menos que o milhão que vai ser gasto na aquisição de carros se destine à compra de veículos pesados para a recolha seletiva de Biorresíduos do Município (conforme definiu o "Estudo para o desenvolvimento de sistemas de recolha de biorresíduos", elaborado em 2021 e que está trancado dentro de uma qualquer gaveta). E se assim for, 1 milhão é muito. Ainda vão sobrar entre 50 a 90 mil euros. 

Perdoem-me o entusiasmo.  A verdade é que 9 milhões de euros é muito dinheiro. E porque nestes últimos tempos só se ouve falar nas obras que irão ser realizadas na Quinta do Conde, nomeadamente a construção do novo Auditório, com um custo superior a 2 milhões e meio de euros que sairão directamente dos cofres camarários ou seja, será pago integralmente com o dinheiro dos nossos impostos, lembrei-me daquele que é o maior e mais importante equipamento da Vila de Sesimbra: o cinema João Mota e a Biblioteca Municipal de Sesimbra. A obra teve um custo superior a 600 mil euros há mais de 20 anos.

Em 2005 foi inaugurada a Biblioteca Municipal e, em 2007 o Cinema João Mota. E passados que são 16 anos sobre a inauguração do cinema (e 18 anos sobre a inauguração da biblioteca) a verdade é que o edifício se tem vindo a degradar, sem que a Autarquia invista um único cêntimo na sua manutenção, reparação e conservação.  

E essa degradação é bem visível a olho nú. Para além de frestas e infiltrações, é visível a armadura da estrutura de ferro dos elementos em betão. Mas melhor do que palavras, são as imagens (com cerca de 1 ano):




E eu, que não percebo nada de nada de estruturas de ferro e betão, nem tão pouco das condições propícias para que as mesmas possam cair e atingir gravemente algum transeunte, até me atrevo a dizer que talvez não fosse má ideia colocar um qualquer tipo de protecção na zona de entrada da Biblioteca Municipal. Digo eu.






Com 9 milhões de euros de excedente orçamental, não seria de investir naquele que é o único equipamento público, com cinema/sala de espectáculos do Concelho? Porque para além de construir um novo (na Quinta do Conde) com o dinheiro dos nossos impostos, importa também preservar, manter, recuperar e cuidar daquele que existe. É urgente uma operação de recuperação do edifício (que será uma pequena fortuna) para que não seja, tarde de mais. Não podem os mais de 600 mil euros investidos na década de 90 do século passado e no início do século XXI ser esquecidos e ignorados.

São 9 milhões de euros do excedente orçamental. 1 milhão vai ser gasto na aquisição de carros. São prioridades e estratégias. E o que sabemos nós, cidadãos comuns, de prioridades e estratégias? 

Mas já agora, porque não é uma prioridade nem uma estratégia, é só mesmo falta de sensibilidade e cuidado, pergunto: na sala de cinema, o que são aquelas calhas que sobem as paredes de madeira na direcção de umas estruturas metálicas pretas?, e que não respeitaram a estereotomia definida? Seria assim tão difícil fazer coincidir as calhas com as próprias juntas dos painéis de madeira? Foi mais fácil colocar as calhas tortas, num sítio qualquer, furar ou colar essas calhas aos painéis de madeira e pendurar as estruturas metálicas pretas a belo prazer. 

E já agora: naquela zona de corredor (entre a bilheteira e a cafetaria) que é utilizada para exposição de quadros (pendurados paralelamente aos vidros da fachada norte), não deveria existir uma qualquer preocupação estética relativamente à imagem que se vê do exterior? Ora se a parede é uma fachada em vidro, transparente, não deveria essa transparência ser utilizada também, para mostrar outras imagens que não os métodos rudimentares utilizados para pendurar os quadros? Fica a ideia.



A verdade é que existem 9 milhões de euros do excedente orçamental. 1 milhão vai ser gasto na aquisição de carros. Carros! São prioridades e estratégias.

1 milhão daria para substituir as barracas do antigo Ciclo, carregadas de amianto, por pré-fabricados novos. Para que finalmente, as centenas de trabalhadores do Município pudessem exercer as suas actividades com dignidade. São prioridades e estratégias.


Comentários

Mensagens populares