FALTAM 47 DIAS PARA O CARNAVAL
E o novo ano entra com o início da contagem decrescente para o Carnaval! Com uma linda imagem partilhada nas redes sociais e que é capa da própria Câmara Municipal de Sesimbra e do seu Presidente. Talvez uma sugestão: colocar na rotunda do Marco do Grilo um enorme painel com um relógio digital em contagem decrescente, envolvido por canhões de ar a lançar confettis e que, a cada hora a menos, disparem papelinhos e serpentinas ao som de uma qualquer música de samba. Isso é que era!
Já se fala que, no “enterro do bacalhau”, começará a contagem decrescente para as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril (que também poderá utilizar o enorme painel com um relógio digital em contagem decrescente, a colocar na rotunda do Marco do Grilo). Parece que, no monumento dos “cravos”, a cada dia 25 de cada mês e até ao dia 25 de Abril de 2024, serão libertadas 50 pombas brancas ao som da sirene dos bombeiros (excepto no dia 25 de Novembro, claro está).
Esta grande comemoração que decorrerá durante um ano, será contudo interrompida por uma outra celebração que em muito enaltece Sesimbra e potencia o turismo e o tecido económico concelhio (e para fazer esta contagem decrescente, sugiro a colocação de um painel mais pequeno, com um grande relógio digital em contagem decrescente, com o logotipo do evento):
- Super Bock Super Rock que este ano decorrerá entre os dias 13 a 15 de Julho e que, de acordo com o que já foi tornado público, mudou “a zona de estacionamento e campismo para uma área com menos vegetação, não florestal”. (Sem comentários. Para já.)
Adiante.
O ano terminou com a aprovação do Orçamento Municipal por parte do executivo (3 eleitos pela CDU, 3 eleitos pelo PS e 1 eleito pelo Chega, agora independente) por unanimidade. Confesso que cheguei a pensar que só a mim me teria causado perplexidade esta aprovação unânime. Das duas uma: ou os comunistas afinal são socialistas ou, os socialistas afinal são comunistas. Aquela ideia de que Sesimbra ia mudar, foi só um slogan de campanha. Nunca, nos seus melhores sonhos, a CDU pensou conseguir tão grandiosa proeza. Tiro-lhes o chapéu (e não estou a ironizar).
Ora se o PS está completamente aglutinado e fascinado pela gestão partilhada (que afinal é apenas participada) sendo incapaz de, em jeito de balanço de fim-de-ano, referir aquelas que foram as suas iniciativas nos pelouros que tutela – Água, Saneamento, Fiscalização Municipal, Economia Local e Gestão de Equipamentos, Turismo, Tecnologias e Sistemas de Informação, Projecto Municipal das AUGI – (remetendo-se apenas para referências festivas e iniciativas promovidas pelo associativismo concelhio), do que valeu ter elegido três vereadores por um partido que prometia “Sesimbra vai mudar”?
Como é que é possível o PS ter aprovado em reunião de Câmara o orçamento municipal? Parece que é em nome de Sesimbra e dos sesimbrenses. Dessa Sesimbra e desses sesimbrenses que retiraram a maioria absoluta à CDU e acreditaram que Sesimbra podia de facto, mudar. E Sesimbra mudou de facto. A maioria nunca foi tão clara e absoluta.
Atente-se na perplexidade de pelo menos mais uma pessoa, perante esta aprovação unânime: o jornalista do jornal “O Setubalense” (link). Cito parcialmente:
“O comunista Francisco Jesus perdeu a maioria absoluta nas últimas autárquicas, mas revelou uma notável capacidade de gerar consensos (…). E o resultado está à vista: as conversações para a elaboração do Orçamento Municipal de 2023 culminaram (…) com a aprovação dos documentos previsionais por unanimidade, não obstante a CDU contar apenas com três eleitos. Caso raro (para não dizer inédito) no distrito.”
E pasme-se (e cito): “o vereador socialista Nelson Pólvora, que reconhece a “grande cooperação entre todo o executivo”.
Quer isto dizer que o orçamento municipal é socialista? Ou o orçamento municipal é comunista? Uma aprovação por unanimidade pressupõe que está toda a gente de acordo com todos os pontos, virgulas e alíneas. Seria este o orçamento municipal se, por um acaso, a CDU tivesse ganho as eleições autárquicas de 2021 por maioria? Seria este o orçamento municipal se, por um acaso, o PS tivesse ganho as eleições autárquicas de 2021? Será que os investimentos seriam os mesmos e no mesmo montante? Quer dizer que a estratégia concelhia (existe?) é a mesma para o PS e para a CDU?
Curiosamente, na aprovação unânime, o vereador Nelson Pólvora quase afirmou que o orçamento era exclusivo do PS. Curiosamente também, a vereadora Argentina Marques fez uma série de considerandos que por momentos passaram a ideia de que não estaria completamente de acordo com o orçamento. E igualmente curioso foi o imprevisto que impossibilitou a presença do vereador Miguel Fernandes e, por ser tão em cima da hora, não permitiu que alguém o pudesse substituir.
A verdade é que, na Assembleia Municipal seguinte, um deputado eleito pelo PS, Pedro Mesquita, afirmou taxativamente: “o PS é oposição”. Confesso que respirei de alívio. Pelo menos na Assembleia Municipal, o PS está vivo e é, oposição.
E fiquei curiosa para ver como seria a votação do orçamento municipal na Assembleia. E é graças ao deputado eleito pelo MSU que o orçamento é aprovado. Vá-se lá perceber isto. E com a mesma lenga-lenga: em nome de Sesimbra e dos interesses do Concelho e dos sesimbrenses. Então mas ninguém explicou ao deputado eleito pelo MSU que nenhum dos interesses do Concelho ou dos sesimbrenses seriam postos em causa se, por uma acaso, não tivesse votado favoravelmente o orçamento? Será que o deputado eleito pelo MSU terá sentido o peso da responsabilidade de, com o seu voto, reprovar o orçamento municipal e obrigar o executivo municipal a rever aquele que era um documento aprovado por unanimidade e reivindicado quer pelos vereadores do PS, quer pela CDU?
O orçamento municipal para 2023, aprovado por unanimidade pelo executivo municipal (3 eleitos pela CDU, 3 eleitos pelo PS e 1 eleito pelo Chega, agora independente), foi aprovado por maioria, na Assembleia Municipal, apenas com os votos favoráveis da CDU e do deputado eleito pelo MSU.
Uma coisa é certa: se na Câmara Municipal, CDU e PS andam de mãos dadas, na Assembleia Municipal "o PS é oposição". E lamento ser eu a dizer isto ao PS: ninguém percebe qual é a vossa estratégia. A imagem que passa é de que existe um PS na Câmara e um PS na Assembleia Municipal. Digo eu, que não percebo nada de nada de política nem de politiquice nem de estratégias politizadas.
“A não ser que isso faça parte do acordo de vereação que não conhecemos” (frase proferida pelo deputado municipal Carlos Macedo, eleito pelo BE, na Assembleia Municipal de dia 13 de Outubro de 2022). Acordo esse que será apenas na vereação e não, na Assembleia Municipal. Graças a Deus!
E se assim for, apenas dizer que os sesimbrenses que foram votar no dia 26 de Setembro de 2021, não votaram numa coligação CDU-PS. Votaram numa mudança e não, na consolidação da continuidade.
Infelizmente, essa mudança foi de apenas meia dúzia de dias. A CDU perdendo, ganhou uma maioria inesperada, cooperante e fascinada.
E até podia avançar desde já com uma lista de possíveis candidatos à Câmara Municipal que, num resultado histórico e inédito no país, conseguiriam eleger sete vereadores sem oposição. Mas não o vou fazer. Resta-me a esperança perante a informação de que, pelo menos na Assembleia Municipal, o PS é oposição.
Quanto ao PS da Câmara. Seria bom um qualquer esclarecimento. Para que os sesimbrenses que ainda vão votar, não se sintam defraudados. É que a maioria da população que foi votar, não votou na CDU. Votou na mudança, elegendo 3 vereadores pelo PS que prometiam “mudar Sesimbra” (até integrarem a gestão partilhada que é afinal, apenas participada), eliminando o candidato do PSD do executivo municipal, e, elegendo um candidato pelo Chega que prometia “abanar” o executivo “gasto” (até se tornar independente).
De nada serviu eleger quatro vereadores (em maioria) de outras forças politicas, para acabar com a maioria CDU. De nada serviu eleger três vereadores socialistas que, hipoteticamente, defendiam outra estratégia para o futuro do Concelho. É pena. E lamentavelmente, a expressão do deputado municipal Carlos Macedo, eleito pelo BE, é cada vez mais evidente: o executivo municipal formou um novo partido: o PDC, o “Partido da Câmara”.
Sobre o orçamento em si, os documentos que o compõem e apesar de serem públicos, ainda não foram tornados públicos. E sobre esta questão concreta, nenhum dos eleitos parece incomodado e aceita discutir e aprovar documentos que sendo públicos não estão públicos. O orçamento é aprovado em segredo e disponibilizado em slides através das redes sociais. Fantástico. O povo, esse povo que vota e atribui mandatos, não tem nada que estar armado em calhandro, a querer saber onde raios serão gastos mais de 77 milhões de euros durante o próximo ano.
O que nos descansará a todos nós, povo, cidadão comum (e permitam-me voltar à frase mítica do anterior mandato) “cuja opinião vale o que vale”, é que a CDU sabe o que faz. Anda nisto há muitos anos. E foi por isso mesmo, por andarem nisto há muitos anos e por saberem o que fazem, que perderam a maioria absoluta a 26 de Setembro de 2021.
Reafirmo o que já disse em anterior post: está na altura da direita concelhia se organizar e se apresentar como alternativa a um executivo que, apesar de ter sido renovado, mergulhou de cabeça numa gestão (CDU) partilhada que afinal, é apenas participada.
Quanto ao PS da Assembleia Municipal. Obrigada. Pelo menos na Assembleia Municipal o PS vive. Talvez não fosse má ideia, em 2025, alguns dos deputados serem, eles próprios, candidatos ao executivo municipal. Digo eu, que não percebo nada de nada de política nem de politiquice nem de listas de candidatos à Câmara e à Assembleia Municipal.
E também um agradecimento ao BE, pela postura, pelo debate e pelas propostas. Sesimbra precisa de cada vez mais vozes que questionem o que parecem ser, para uma grande parte, verdades absolutas e inquestionáveis.
Sesimbra precisa urgentemente de mudar. Sesimbra não precisa de um partido que vive num sonho e que anseia subir, por uma escada, até à lua. E talvez isto explique muita coisa: um partido que vai pelo sonho e não, por uma estratégia sólida e concreta. Mas não explica o facto de conseguir arrastar nesse sonho, três eleitos de outro partido.
Sesimbra precisa de um partido que viva na realidade, com os pés bem assentes no chão e que lute por concretizar aqueles que são, esses sim, os sonhos da sua população. Um partido que tenha um objectivo, uma estratégia, um caminho.
E não de um partido sonhador, que parte para o vazio, na busca do incerto, arrastando consigo o maior orçamento de sempre. “Chegamos? Não chegamos?” Nada disso parece interessar. O que importa é a incerteza da viagem. Mesmo que no fim esteja o nada.
FONTE DA IMAGEM: pluraluniverso.blogspot.com
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