SÓ PORQUE É NATAL

Partilho aqui o meu artigo de opinião no Jornal "Raio de Luz", dia 16 de Dezembro de 2022.


E passou um ano. E chegados a Dezembro, vivemos o mês dos sonhos e desejos, das luzes e dos doces de Natal. E naqueles segundos que antecedem as 12 badaladas de final de ano, é como se uma qualquer magia conseguisse a proeza de fazer um “reset” do ano que passa, libertando imediatamente a seguir, um mundo novo onde tudo será novo (perdoem-me a redundância) e positivo. 

E aos primeiros segundos do novo ano, a consciência mundial percebe que afinal, a única coisa nova que se inicia é de facto e apenas, um novo ano. Levando, arrastando consigo, tudo o que resta do ano anterior, dos anos anteriores, das décadas anteriores, do século anterior. E imbuídos de uma força geradora de ideias a concretizar, o mundo inteiro define os mesmos sonhos, as mesmas conquistas, as mesmas estratégias, os mesmos objectivos, as mesmas metas a atingir, como se fossem temas novos e desafiantes. E nessa definição, há tempo para balanços sobre o que foi alcançado, o que foi iniciado e o que não foi considerado. E justificações, muitas justificações, imputando a factores internos ou externos ou imprevisíveis, a responsabilidade sobre o que não aconteceu mas que deveria e poderia ter acontecido. 

No mês da esperança num futuro melhor, não vou fazer balanços nem dizer “frases batidas” que são repetidas até à exaustão por líderes mundiais, nacionais e locais. Todos desejamos um mundo melhor, mais fraterno, mais igual, mais solidário. Todos desejamos que o mundo se torne mais humano e menos económico. Todos desejamos saúde, paz e amor. E todos desejamos que estes desejos não sejam apenas conversa repetida, ano após ano, no mês de Dezembro, em que o ser humano parece ficar impregnado de humanidade. 

Depois, entra Janeiro, cantam-se as janeiras, chegam os reis e entra-se na rotina de sempre. Os sonhos, esses, não há tempo para eles; o mundo é veloz e vertiginoso e não pode ficar refém de lamechices que não geram riqueza nem poder económico nem negócios milionários nem qualquer tipo de lucro financeiro. 

E a realidade rotineira transforma o novo ano apenas em mais um ano, em que caminharemos para o futuro com uma leve esperança de que tudo será melhor. Mas que não nos abala o dia-a-dia. Somos, por natureza, um povo resignado. Temos o nosso fado. Temos aquela característica tão portuguesa do “desenrascanço”. E há sempre alguém pior do que nós. 

E até temos aquela capacidade intrínseca de fazer uma qualquer piada quando ouvimos uma nova notícia sobre falências e desvios de dinheiro, que nos irá penalizar a todos e que pagaremos por tempo indeterminado. E de rir com acontecimentos e decisões que muitas vezes, não “lembram ao diabo”. 

Mas, e apesar de tudo, a esmagadora maioria da população portuguesa é optimista e positiva e Dezembro também é, o momento certo para fazer um balanço das coisas boas e que merecem ser lembradas e até, replicadas no ano seguinte. 

E só porque é Natal, o que vou escrever de seguida é sobre Sesimbra. Não é tempo para falar na falta de estratégia nem na falta de visão de futuro. Deixemos isso para o ano que vem. 

Agora, é o tempo certo para reconhecer o que foi feito, bem feito, e que pode e deve ser replicado ano após ano. 

Confesso que não foi tarefa fácil mas, tirando as matérias de fundo (e que definirão o que seremos no futuro enquanto Concelho metropolitano) em que nada aconteceu, destacarei algumas iniciativas culturais, desportivas e comunitárias. E apenas porque, depois de dois anos confinados, aquilo que mundialmente os povos e cidadãos do mundo mais sentiram falta foi de cultura, desporto e actividades comunitárias. 

Destaco por exemplo, a iniciativa “Quinta na Moagem” que conseguiu juntar miúdos e graúdos à volta das tradições rurais do Concelho. 

Destaco também a iniciativa “Tradições e Ruralidades”. Nenhum povo pode perder as suas raízes, a sua história, a sua identidade. E o Concelho de Sesimbra não é apenas mar e pesca; é também, na sua maior área, rural, com um sem número de tradições, saberes e fazeres que devem ser enaltecidos e partilhados com as gerações mais novas. 

Destaco as provas desportivas, como a “Travessia da Baía” e o “Triatlo na Lagoa de Albufeira”. Sesimbra tem os requisitos certos para integrar o circuito de provas nacionais nos mais variadíssimos desportos. 

Destaco as iniciativas promovidas pelo Museu de Sesimbra, com recriações históricas, passeios nocturnos pelo património e teatro de época percorrendo a núcleo histórico da Vila da Sesimbra e dando a conhecer a visitantes e habitantes as origens daquela que é a única vila medieval piscatória inserida no Parque Natural da Arrábida. 

Destaco a colocação do baloiço panorâmico de frente para a porta nascente do Castelo, com uma vista avassaladora sobre o vale de Sesimbra. Uma ideia simples que, não sendo original, conseguiu criar uma nova dinâmica e assumir-se como um ponto de visita obrigatório para residentes e visitantes. 

E destaco o “Natal no Parque Augusto Pólvora”. Durante (apenas) quatro dias o Natal encheu de cor e alegria o Parque, distribuindo magia, alegria, sonhos e sorrisos. O Parque Augusto Pólvora tem um potencial enorme para dinamizar uma panóplia de actividades que visem apenas o convívio em família, entre amigos, livre de qualquer tipo de aproveitamento político ou partidário. 

O Natal é uma celebração de família e universal; dificilmente a mesma poderá ser aglutinada por uma qualquer força politica. E é a este simples facto que se deve o sucesso do “Natal no Parque Augusto Pólvora”. 

Que no próximo ano, o “Natal no Parque Augusto Pólvora” seja até aos Reis, estendendo o espirito natalício pelas ruas do próprio Parque. E até com a realização (do que poderia ser) o maior Presépio da Península de Setúbal. Fica a ideia. 

Feliz Natal!



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