SERÁ DO CALOR?
Não sei se será do calor, se serão alguns efeitos colaterais do vírus (e ainda não comprovados), mas algo se está a passar com os neurónios pensantes de quem tem a responsabilidade de pensar e mandar executar. Permitam-me a ousadia de um conselho: refresquem as ideias, com um mergulho nas águas da baía sesimbrense (que até tem estado com uma boa temperatura), antes de tomarem este tipo de decisões.
De quem foi a ideia peregrina de mandar pintar uma risca branca na Marginal de Sesimbra, obra que custou aos cofres camarários 2 milhões de euros? Caramba!
E permitam-me lembrar: a obra da Marginal de Sesimbra é da autoria de arquitectos e, a sua execução, foi acompanhada por arquitectos. Um dos arquitectos que acompanhou a obra era também, o Presidente da Câmara Municipal: Augusto Pólvora. Não vos parece que se a risca branca tivesse de existir, ela estaria prevista em projecto e teria sido pintada desde o início?
Que ideia peregrina é esta de pintar um material nobre, como é a pedra de granito, com uma risca branca? Que sentido faz esta risca branca quando a faixa de rodagem está perfeitamente definida pelas centenas de balizadores de trânsito? Este tipo de risca branca é efectuada ao longo de estradas nacionais e autoestradas, onde não existem nem passeios, nem balizadores de trânsito e se torna necessário, por uma questão de segurança e prevenção, definir claramente onde termina a faixa de rodagem lateralmente.
Ora numa Marginal como a de Sesimbra onde, para além dos balizadores de trânsito, foi colocada uma lajeta branca de betão delimitadora da faixa de rodagem, que sentido faz repetir essa marcação? Serve para quê? Previne o quê? Não me digam que os automobilistas não percebem onde termina a faixa de rodagem e circulam contra os balizadores de trânsito ou, contra o muro do "Hotel do Mar"?
Mais do que palavras, nada melhor do que ver as imagens que ilustram este post.
Até já estou a imaginar o que poderá acontecer nos próximos dias:
- Uma risca branca pintada sobre a calçada em granito, de cada lado da Rua Cândido dos Reis, paralela aos balizadores de trânsito, desde a Capela do Espirito Santo até à Fortaleza;
- Na Rua da Fortaleza:
- pintar uma risca branca sobre o pavimento executado com a pedra nobre do Concelho (pedra do Zambujal) e que custou uma pequena fortuna;
- pintar uma risca branca sobre a calçada de granito, paralela aos balizadores de trânsito e à faixa executada em lajetas de betão branco e que delimitam perfeitamente a faixa de rodagem;
- pintar uma risca branca sobre a calçada de granito paralela à parede da própria da Fortaleza (não vá algum automobilista distrair-se e entrar pela parede dentro); e se a risca acertar em cheio nos projectores de iluminação, retirem-se os projectores que só gastam energia e encham-se os buracos dos projectores com cimento e pinte-se a risca!; os projectores podem ser sempre reutilizados, por exemplo em alguma cada de banho ou balneário, como candeeiros de tecto (resistem à chuva e ao calor);
- Uma risca branca pintada sobre o pavimento executado com a pedra nobre do Concelho (pedra do Zambujal) e que custou uma pequena fortuna, rodeando o Largo de Bombaldes (e até quiçá, coincidindo com a guia que foi executada em pedra e que delimita perfeitamente a faixa de rodagem), subindo na direcção do Largo da Câmara;
- No Largo da Câmara pintar uma risca branca sobre a calçada de calcário e que contorne aquelas lindas floreiras até à esplanada do "Pintarola";
- Na Rua da República, pintar junto do casario, de um lado e outro da rua, uma linda risca branca sobre a calçada calcária;
- No Largo do "Grémio" pintar uma risca branca sobre a calçada e pedra do Zambujal, paralela aos balizadores de trânsito e à faixa executada em lajetas de betão branco e que delimitam perfeitamente a faixa de rodagem;
Será que a solução para o estacionamento de velocípedes motorizados na Marginal de Sesimbra, passará por pintar, nas lajetas de betão, umas lindas ricas brancas? Valha-nos Deus. É só mesmo o que falta fazer na Marginal de Sesimbra.
Paulatinamente, aquela que foi uma obra de 2 milhões de euros, paga por todos nós e que mudou radicalmente a imagem da Vila, é completamente desfigurada, alterada e maltratada. Por ideias peregrinas e completamente incompreensíveis.
Importa dizer que, na última reunião de Câmara, ficou patente a preocupação de todo o executivo em valorizar a Marginal de Sesimbra. Permitam-me a pergunta: se há dinheiro para esta ideia peregrina, que não serve rigorosamente para nada (que não apenas estragar as pedras e a imagem urbana), que tal aplicarem essa verba na lavagem dos contentores do lixo? Ou na lavagem a agulheta, de toda a Marginal? Ou na lavagem, com uma máquina de pressão, daqueles bancos imundos em betão e que, em tempos, já foram brancos? Ou na limpeza e lavagem dos postes dos candeeiros de iluminação pública? Ou na substituição da lajetas que estão partidas por novas e iguais?
Com tanta estrada neste Concelho, perigosa e sem qualquer tipo de marcação rodoviária, a prioridade foi mandar pintar uma risca branca na Marginal de Sesimbra. Deve ser do calor. Só pode.
Comentários
Enviar um comentário