"DINISES" HÁ MUITOS

Numa pesquisa rápida pela net, o nome Dinis não integra a lista dos nomes mais comuns em Portugal. No entanto, em 2013, foram registados 732 “Dinises”. “Dinises” há muitos. E se somarmos os anos anteriores e os anos posteriores a 2013, arrisco dizer que o nome Dinis será comum a muitos milhares de portugueses. E por isso, é preciso distingui-los. Especialmente quando o nome de um Dinis é escolhido para topónimo de uma rua de uma Vila.

As ruas da Vila de Sesimbra homenageiam (entre outros) várias personalidades locais e nacionais e também, várias figuras da história portuguesa. E a atribuição de um nome a determinada rua, carece de uma série de procedimentos que culminam com uma deliberação de Câmara que aprova (ou não) a atribuição do nome à rua. É assim em Sesimbra e em qualquer parte do mundo civilizado. Ninguém pode alterar ou substituir o nome de uma rua. 

Pasme-se com os seis azulejos que foram colocados na fachada de um edifício recentemente recuperado à entrada de uma rua (como placa toponímica de uma das ruas de Sesimbra mais emblemáticas) e que ilustra este post. 

“Dinises” há muitos. Mas D. Dinis, rei de Portugal, só houve um. E era esse Dinis que dava nome a esta rua: Rua D. Dinis.

A menos que esta seja uma ideia peregrina de anular os nomes dos monarcas portugueses das ruas da Vila de Sesimbra. E assim, tira-se o “D.” de “Dom” e passa apenas a constar o nome próprio, desprovido de significado ou de qualquer tipo de interesse: Dinis. 

Estará para breve a substituição de outras placas toponímicas, retirando os “D.” ou as referências que identificam determinada personalidade ou figura histórica? 

Para quando a implementação da:

  • Rua Sancho?
  • Rua Leonor?
  • Rua Leitão?
  • Rua Barreto?
  • …?

Fui consultar a página das “RUAS com HISTÓRIA”. Ou melhor, tentei consultar a página das “RUAS com HISTÓRIA”. Então não é que o link de acesso à página “RUAS com HISTÓRIA” foi excluído da página oficial da CMSesimbra? Inacreditável.

Sesimbra é de facto uma terra única, que carece urgentemente de um estudo aprofundado.

Aquele que foi um trabalho exemplar, com informação detalhada, rigorosa, histórica e interessante sobre as ruas do Concelho de Sesimbra foi, pura e simplesmente, banido da página da Autarquia. 

Pesquisei no Google e surge uma página “não segura” relativa às “RUAS com HISTÓRIA” (sendo que o caminho identifica a página cmsesimbra.pt). Voltei à página oficial da CMSesimbra; na caixa de pesquisas rápidas, escrevi “ruas com história” e cliquei em procurar. Surgem várias notícias e, numa delas surge o link para a página “RUAS com HISTÓRIA” (surgindo igualmente como página “não segura”). 

Lá consegui consultar a informação relativa à Rua D. Dinis. Fiquei a saber que, antigamente, esta era a Rua do Norte e que, com a Implantação da República o nome foi alterado para “Magalhães Lima” (líder republicano). Em 1937, o nome da rua foi novamente alterado, recebendo o nome do rei português “D. Dinis” que (e cito parcialmente) “em 1297 definiu com precisão os limites do concelho de Sesimbra.” Esta denominação durou até aos dias de hoje. Ou melhor, durou até ao dia em que foram colocados seis azulejos na fachada de um edifício recentemente recuperado à entrada da rua, ostentando apenas “Rua Dinis”.

Sou completamente contra esta substituição. Sou completamente contra a banição do link da página “RUAS com HISTÓRIA” da página oficial da CMSesimbra. Sou completamente contra estas “novidades” que surgem como “surpresas!”

“Dinises” há muitos. Mas D. Dinis, foi só um. E desde 1937, é o nome de uma rua da Vila de Sesimbra. 

Mas se a ideia é alterar o nome da rua, que essa alteração seja justificada, publicitada e aprovada legalmente em reunião de Câmara. Para que os moradores da rua saibam que, a partir de agora, vivem na “Rua Dinis” e não, na “Rua D. Dinis”. E já agora, informar os correios e todas as entidades que possam ter de contactar alguém desta nova rua. 

E talvez até uma bonita inauguração. Até já estou a ver: 

  • um grande pano vermelho sobre os seis azulejos, com uma corda lateral que permita descerrar os mesmos, quando for puxada pelos representantes das entidades oficiais; 
  • uma grande salva de palmas seguidas do hino tocado por uma banda; 
  • um grande e belo discurso enaltecendo os “Dinises” de Portugal; 
  • uma qualquer representação teatral sobre o nome Dinis (associando-a a Dionísio); 
  • pela rua abaixo, uma mostra de vinhos regionais com imagens alusivas ao deus grego; 
  • pequenas bancas de farinha torrada, pão caseiro e queijo para acompanhar a prova de vinhos; 
  • e na rua, milhares de “Dinises” que foram convocados através das redes sociais, tipo alerta de ajuntamento. 
Tudo isto seguido de umas belas fotos para divulgar o feito nas redes sociais! 

É tudo tão ridículo. Valha-nos Deus.






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