O MEU ARTIGO DE OPINIÃO NO JORNAL "RAIO DE LUZ"

Partilho aqui o meu artigo de opinião publicado no Jornal "Raio de Luz", dia 17 de Dezembro de 2021.

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NATAL

No mês do Natal, dos sonhos, dos pedidos e dos desejos, confesso que a minha lista é enorme e variada.

Começo por formular um desejo relativamente a Sesimbra: que os políticos eleitos nos órgãos autárquicos, consigam estabelecer consensos de futuro e não apenas circunstanciais, integrando opiniões e visões diferentes. Explicando melhor, que os consensos a estabelecer visem o interesse de Sesimbra e dos sesimbrenses e não apenas os interesses políticos ou partidários; num compromisso com o futuro desafiante e exigente da próxima década e não apenas a pensar nas eleições autárquicas de 2025. Que se encontrem objectivos comuns que potenciem a realização de projectos fundamentais e indispensáveis, susceptíveis de virem a ser financiados pelo maior pacote de financiamento alguma vez atribuído pela União Europeia, através do já conhecido PRR; que a bazuca acerte em cheio em Sesimbra e possa ajudar a sanar carências existentes. 

Pedidos ao Pai Natal, teria tantos a fazer! Mas peço apenas aquele que considero demasiadamente importante para continuar suspenso: que o Pai Natal deixe no sapatinho da CCDR-LVT a proposta de Revisão do PDM de Sesimbra. Um concelho que, a caminho da terceira década do século XXI, não consegue terminar e entregar uma Revisão que dura há 14 anos, não tem futuro. É urgente a finalização e aprovação daquele que é o principal instrumento de ordenamento do território. Até porque, sem a Revisão do PDM concluída no limite, até Março de 2022, ficarão hipotecados os financiamentos europeus e nacionais. 

Também a nível nacional começaria por formular um desejo: que o próximo governo (que vier a resultar das eleições de 30 de Janeiro), integre diferentes contributos e visões sobre Portugal (mesmo que, e num cenário difícil, venha a governar em maioria absoluta), tendo em vista a concretização daqueles que são os grandes desafios da próxima década: a crise climática, a crise económica e a crise social. E também tenho pelo menos um pedido ao Pai Natal: que no sapatinho daqueles que vierem a ser os responsáveis pela gestão dos milhares de milhões de euros que Portugal irá receber (através do PRR) da União Europeia, entregue uma boa dose de responsabilidade, compromisso e honestidade. Para que depois de 2030, Portugal não volte a assistir às notícias habituais: gestores que desviaram milhões (para offshores, empresas fantasma e contas bancárias de testas de ferro) oriundos do PRR e que deveriam ter financiado investimento público e empresarial. 

Quanto à Europa, com tantos desafios que tem pela frente, apenas um desejo: que a crise migratória a que assistimos diariamente (daqueles que, arriscando a vida, atravessam em barcos de borracha as águas do mediterrâneo e também de todos aqueles que estão às portas da Polónia gélida, seguindo a esperança de um viver ao invés da certeza de um morrer), seja de facto resolvida. Se pensarmos que nestas massas migratórias de desespero, estão milhares de crianças que este ano, não terão Natal, nem esperança, nem alegria, nem sorrisos, nem sonhos. Sonhos num futuro melhor, com saúde, com paz, com segurança, com igualdade, com oportunidades. E a Europa tem aqui um papel preponderante que não pode ficar apenas dependente de acordos diplomáticos que tardam, mantendo todos mais perto da morte do que da vida. 

Mas não é só a Europa que tem nas suas fronteiras crises migratórias. O mundo tem milhares de migrantes arrumados em campos de refugiados. 28 milhões de refugiados são crianças. Muitas delas sozinhas, sem nenhum elemento da família e sem Natal. Desejo que o mundo adulto consiga de facto resolver o presente e oferecer um futuro a todos aqueles que, desesperados, procuram apenas viver. E nesse viver, está a crise pandémica, com os ditos “países ricos” a administrarem a terceira dose de vacinação quando, nos países pobres, a grande maioria da população nem sequer recebeu ainda, a primeira dose. Transcrevo uma das muitas frases do Secretário-geral da ONU (António Guterres) sobre o assunto: “Apenas um plano de vacinação mundial pode terminar com uma pandemia mundial e uma situação injusta e imoral.” E realço também um dos mais recentes apelos da ONU, solicitando aos ditos “países ricos” que reajam e acudam: 1% da humanidade vive em situação de pobreza extrema, sendo que as crianças são as que mais sofrem. Crianças que nem sabem sequer, o que é o Natal. 

Que bom seria se o Pai Natal, numa única noite mágica, viajasse pelo mundo inteiro, depositando alegrias e sonhos nos rostos de todas as crianças. E que nessa noite de viagem pudesse deixar no sapatinho dos líderes mundiais a vontade de acabar com a fome e a miséria de milhares de milhões de seres humanos, esquecendo por um momento o lucro económico e financeiro ou os devaneios do turismo espacial. 

Que bom seria se em todos os sonhos das crianças existissem renas voadoras e um Pai Natal mágico que vive na Lapónia rodeado de pequenos elfos e duendes! Que este Natal se encha de alegria, com os risos e gargalhadas de crianças felizes. E que o Pai Natal continue a voar pelos céus e a semear magia por onde passa. Aquela magia carregada de amor e felicidade. Com muita saúde e esperança. Num mundo melhor, onde todos temos uma palavra a dizer, uma acção a fazer (e a nossa maior palavra a dizer ou acção a fazer, será provavelmente aquela que temos por dever: eleger os líderes municipais, nacionais e europeus). 

Aproveitemos acima de tudo, o dom de viver, vivendo intensamente a cada minuto! E sonhando! Disse-nos Sebastião da Gama que “é pelo sonho, que vamos”. Caminhemos então. Na direcção daquele que será um sonho comum a toda a humanidade: um mundo mais fraterno, mais igual e mais solidário. 

Feliz Natal!



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