VIDEOCONFERÊNCIA - SESIMBRA

Fruto da pandemia e dos estados de emergência declarados em muitos países do mundo, vieram as videoconferências em que cada elemento está no seu escritório, ou na sua casa, e participa em reuniões que são imprescindíveis para o desenvolvimento dos trabalhos definidos.

E é ver imagens de videoconferências do Parlamento Europeu, do Concelho de Estado, do Concelho de Ministros, da Assembleia da República, de Autarquias, de debates políticos e até de comícios. Na televisão as imagens foram, vão, sendo difundidas reflectindo o panorama nacional e mundial que este vírus introduziu nas novas formas de trabalhar e de decidir.

E até programas televisivos foram, são, feitos a partir de casa. E entrevistas por videoconferência. E opiniões várias, de diferentes interlocutores, tornando aparentemente mais fácil reunir num programa informativo um sem número de opiniões do que, na versão presencial, sempre condicionada pelo espaço disponível.

E porque essas videoconferências são transmitidas para o mundo inteiro, porque muitas delas são públicas, os interlocutores são identificados nominalmente. Por exemplo, no Parlamento Europeu, é identificado o interlocutor, o seu cargo e o país que representa. Para que todos saibamos quem é quem. O mesmo na Assembleia da República. Os deputados são identificados nominalmente assim como é referida a bancada parlamentar que representam. Para que mais uma vez, todos saibamos quem é quem.

E porque se trata de uma assembleia pública deliberativa, o acto é quase solene. Todos se apresentam de uma forma profissional porque estão a ser filmados e apresentados para o mundo. Porque a reunião não é um encontro familiar ou de amigos. É uma reunião séria, objectiva e deliberativa, que irá influenciar e decidir muito do que são as nossas vidas.

Vem isto a propósito da reunião de Câmara do concelho de Sesimbra, que decorreu no passado dia 3 de Fevereiro, em videoconferência e que, por ser uma reunião deliberativa pública, foi transmitida em directo para o mundo através da Internet.

Todos sabemos quem são os elementos que constituem o executivo municipal. Mas partir deste princípio, sabendo-se que aquelas imagens poderão ser visualizadas em qualquer parte do mundo é, no mínimo, caricato. 

Para os que sabem quem são os elementos que constituem o executivo municipal, e visualizaram as imagens da videoconferência, podem terminar a leitura deste post, exactamente aqui, neste ponto. 

Para os que não sabem quem são os elementos que constituem o executivo municipal e visualizaram as imagens da videoconferência, lamento decepcioná-los mas, se continuarem a ler, continuarão sem saber. Para quem não teve a oportunidade de ver as imagens da videoconferência, aqui fica um resumo simples. 

O executivo é constituído por sete elementos de três forças partidárias. Na imagem da videoconferência, surgem dois rectângulos destacados e, outros seis rectângulos mais pequenos e indiferenciados. Ou seja, o executivo é composto por sete elementos mas, surgem oito elementos nas imagens. Acresce que, nenhum dos elementos é identificado. 

Centremo-nos agora nos oito elementos que aparecem na imagem. Um dos elementos faz várias coisas, incluindo fumar. Outro dos elementos está visivelmente cansado. Um outro elemento está visível apenas dos olhos para cima, mostrando o tecto da habitação. Outro dos elementos mostra apenas o cabelo. Os restantes quatro mantêm-se firmes e atentos. 

E sobre o que falaram? Antes da ordem do dia, dois elementos do executivo questionaram o Presidente sobre a ETAR da Quinta do Conde e sobre a Bianca. E sobre a pandemia e a economia local. E das escolas. Depois de esclarecidos, deliberaram por unanimidade, os vários pontos definidos pela ordem de trabalhos. Prometeram voltar no próximo dia 17, se não for antes, fruto da necessidade de alguma reunião extraordinária. E antes de terminar, ainda houve tempo para dar conta do testemunho que fizeram no tribunal sobre o aterro.

Que saudades daquelas reuniões de Câmara épicas da década de 90 do século passado, em que havia oposição activa e as reuniões extravasavam a manhã, continuando por vezes, depois do almoço. Isso sim, não dava sono. Nem tempo para fumar. 

Que tal uma ideia inovadora? Por exemplo, haver de vez em quando, deliberações que não sejam tomadas unanimemente, e que provoquem combate de ideias e discussões construtivas sobre diferentes pontos de vista em relação ao mesmo assunto. Isso sim seria interessante. Aproveitem a visibilidade que a Internet vos permite. 

E uma sugestão, para que as reuniões se tornem mais energéticas e activas: naquele que é o período antes da ordem do dia, em que os vereadores podem questionar o Presidente sobre o que bem entenderem, sugiro perguntas do tipo:

- Em plena crise social e económica, ainda são os impostos dos sesimbrenses que andam a financiar as obras naquele muro de vedação em tons rosa do Cabo Espichel, que em tempos foi um aqueduto do século XVIII?

- Já há alguém interessado em continuar a obra da Escola Navegador Rodrigues Soromenho? Vai custar algum dinheiro à autarquia, este litígio com o anterior empreiteiro? E se custar algum dinheiro?, são os sesimbrenses a pagar?

- Por mais quanto tempo vai ficar a grua montada em frente ao “Talho Valada”? 

- Passados que são quase dois anos, sobre o fogo na encosta do Castelo, será que antes das eleições, as muralhas do Castelo de Sesimbra (a norte) voltarão a estar iluminadas? 

- Afinal, quando é que abre o canil?  

- E sobre o abate de todos os pinheiros que existiam na frente do parque Augusto Pólvora? Com tanta pressa no abate de árvores, não era para já estar executado o arranjo previsto?

- E a Mata da Vila Amália?

- …

Perdoem-me. Entusiasmei-me. Voltando ao tema deste post: 

As videoconferências transmitidas por órgãos públicos obedecem a uma série de requisitos, sendo que os intervenientes têm uma postura igual à que teriam se estivessem reunidos frente-a-frente, numa sala, com público a assistir. Porque estão a ser vistos pelo mundo inteiro. Não estão sozinhos, no auditório Conde Ferreira, sem público, a cumprir o calendário quinzenal. 

Será assim tão difícil apresentar os nomes visíveis de cada elemento, ou apresentá-los no início da reunião, para que todos saibam quem são? E que tal uma imagem centrada de cada um dos elementos, que mostre a pessoa e não o tecto ou o cabelo? 

Enfim, esperemos pela reunião de dia 17. 



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