PRESIDENTE AUGUSTO PÓLVORA

Na idade média, quando o Rei adoecia e a sua esperança de vida era diminuta, o oficial de serviço responsável por transmitir ao povo informação relativa ao estado de saúde do Rei, e quando o último fôlego de vida ocorria, dirigia-se ao portão e gritava, com voz grave e triste: “O Rei morreu.” Imediatamente informava que o príncipe herdeiro seria coroado. E de seguida, num tom feliz e radiante, gritava: “Viva o Rei!” Talvez venha desta prática medieva o ditado popular: “Rei morto, Rei posto!” 

Vem isto a propósito do Presidente Augusto Pólvora. 
A última vez que estivemos juntos, foi na sua última inauguração: a Casa da Água no Cabo Espichel. E apesar de tudo, estava feliz, radiante por ter conseguido recuperar mais uma parte do património Sesimbrense. E passados apenas três anos, estão-lhe a alterar a sua última obra. Parte daquela que foi a sua última inauguração, está a sofrer alterações. Para “repor a imagem original”, dizem. Com base num registo fotográfico que até hoje, ninguém explicou aos Sesimbrenses onde foi encontrado. Nem ninguém informou sobre o ano em que foi feita a fotografia. Mas é graças a este misterioso registo fotográfico, que a memória colectiva é alterada e também, a inauguração de há três anos atrás. Para já não falar nos dinheiros públicos envolvidos para fazer, partir e refazer a mesma obra, em menos de três anos. Sabemos apenas que tudo será esclarecido no tempo certo. Não sabemos no entanto, quando raio irá ser o tempo certo. Até lá, é dar tempo ao tempo… haja paciência. 

Acredito que, todos os que partilharam momentos da sua vida com o Presidente Augusto Pólvora, sentem a falta da sua presença. Da sua confiança. Da sua dinâmica. Da sua energia. Dos seus projectos. Da sua perspectiva de futuro. Da sua ambição para Sesimbra e para os Sesimbrenses. Ninguém esperava alguém igual. Até porque não existem pessoas iguais. Ninguém esperava uma imitação. Até porque uma imitação nunca é um original. Passaram três anos. E o tempo… saberá contar a história… do próprio tempo. 

Há três anos, exactamente neste dia 2 de Julho, escrevi um texto sobre e para o Presidente Augusto Pólvora. E hoje, decido partilhar:


“Che Guevara. Martin Luther King. JFK. O que têm estes nomes em comum? Aparentemente, nada. São apenas nomes de pessoas que já morreram. Mas não são apenas nomes de pessoas. Por detrás dos nomes, estão pessoas que se destacaram no meio das outras. Que viveram intensamente as suas paixões, as suas convicções. Não são apenas pessoas. São ídolos, exemplos, ícones,… nomes de pessoas que fazem parte da história do mundo e que, num momento derradeiro, brusco, frio, violento, partiram sem que ninguém esperasse. Sem que ninguém imaginasse. Sem que ninguém se preparasse. Não são apenas nomes e rostos que reconhecemos da televisão ou das notícias dos jornais. São nomes de pessoas que perduram e irão perdurar ao longo dos séculos. Sobre as quais se irá ler e aprender. Muitos até, podemos continuar a ouvir… nos seus discursos. O que têm em comum estes nomes? Talvez apenas uma coisa: fazem parte dos intocáveis, dos inimitáveis, dos inigualáveis. 

A verdade é que nem toda a gente teve o privilégio de os conhecer, de partilhar alguns momentos da vida com a sua presença. Porém, eu (e muitas outras pessoas) tive o privilégio de conhecer, conviver e partilhar alguns momentos da minha existência com um nome, com uma pessoa, que se tornou intocável, inimitável e inigualável. E no momento em que atingiu esta plenitude universal, conseguiu reunir família, amigos, conhecidos, desconhecidos, partidos, políticos, pessoas comuns… em torno de si, num momento sentido e profundo. Sem diferenças e sem desavenças. Sem lutas políticas ou partidárias. Um momento que ficará para sempre, como símbolo de união entre pessoas tão diferentes e que, tinham apenas um ponto em comum: acompanhar por uma última vez, um homem, um líder, um apaixonado pela vida, pela sua terra, pelo seu trabalho. 

Da minha parte, agradeço-lhe tudo o que fez. Agradeço-lhe a boa disposição, o sorriso fácil, o sentido de humor. A opinião critica, o conhecimento, o saber reconhecer um bom trabalho ou um bom desempenho. O saber ouvir. O partilhar de ideias, opiniões e soluções. Agradeço-lhe acima de tudo, a amizade. A humildade. A espontaneidade. Ouvi-o uma vez dizer numa reunião que, apesar de não sermos isto ou aquilo, não somos burros. Temos cabeça, sabemos ler, sabemos interpretar e ter uma opinião sobre as coisas. E talvez com esta verdade, encarasse todos os assuntos, todas as matérias, como se fossem os seus assuntos, as suas matérias. Nomes? Não são apenas nomes. São pessoas, seres iluminados que atravessam as nossas vidas e nos deixam cheios de tudo. Augusto Pólvora, intocável, inimitável, inigualável.”




Comentários

Mensagens populares