REVOLUÇÃO EM SESIMBRA??
Antes de iniciar este post, começo por pedir que me perdoem pelo facto de não conseguir ficar indiferente às notícias e imagens que surgem um pouco por todo o lado e, em especial, perante aquelas que dizem respeito à minha terra. Como já disse noutros post, vivemos num estado de direito democrático e, elegemos livremente o poder nacional, regional e local. Cabe aos eleitos decidir. E a nós, cabe-nos aceitar. Mesmo não concordando. E é esta verdade que nos faz ser interessados, curiosos, interventivos, participantes e activos na sociedade que nos rodeia e que é a nossa.
E não devemos, não podemos, ignorar ou descartar a hipótese que temos em participar naquela que é a nossa comunidade. Não vivemos num regime opressivo, em que ter opinião era considerado uma ofensa pessoal. Não vivemos numa ditadura onde, uma opinião diferente era considerada uma opinião contra o poder. E felizmente, uma grande parte da população nacional não viveu debaixo desse regime. O povo tem voz. E uma revolução com flores, que contou com a força do povo, deu-nos a todos nós, a liberdade de pensamento, de opinião, de acção. Dentro de um estado de direito democrático.
Posto isto, e perdoem-me o excesso de palavras, o que vou dizer em seguida prende-se com uma notícia que foi publicada ontem, no jornal regional “Sem Mais”, com a explicação do Presidente da Câmara.
E porque, a utilização de dinheiros públicos (que são os nossos impostos) nos devem ser explicados e mostrados. Porque gostamos de saber. Porque se trata de uma revolução. E para surpresas, já bastam as que bastam.
Não merecem os Sesimbrenses, as pessoas, as famílias, os pais, as mães, os filhos, os avós, os netos, os sobrinhos,… saber que revolução vai haver em Sesimbra? Não merecem todos os Sesimbrenses, (que foram chamados a votar e que elegeram no último acto eleitoral uma maioria que defende os direitos do povo?, dos trabalhadores?) participar na revolução que irá alterar para sempre a imagem de Sesimbra?
Se por um acaso vos cansam as minhas palavras, podereis abandonar a partir deste momento a leitura deste post. Mas se, por mera curiosidade, pretendeis continuar a leitura, perdoai-me mais uma vez o facto de não conseguir ficar indiferente, calada, perante uma notícia que não foi explicada, partilhada, publicada ou rotulada de “Yes Sesimbra”. E que, não fora o jornal “Sem Mais”, seria uma verdadeira surpresa!
Comecemos pelo início: em Maio de 2006 a CMSesimbra fez uma publicação em papel, com 8 páginas, mostrando o Estudo de Ordenamento da Avenida da Liberdade (da qual partilho algumas imagens em baixo) que incluía o ordenamento do terminal rodoviário, a relocalização do Mercado Municipal, a criação de novos espaços públicos pedonais, a requalificação da Mata da Vila Amália, a criação de um Parque de Feiras, a construção de quatro parques de estacionamento publico com cerca de 1000 lugares, a remodelação do Estádio da Vila Amália (novo relvado, balneários e bancada coberta) e, a eventual construção do novo edifício da Câmara Municipal. Este estudo, para além da publicação que refiro, esteve patente ao público na Biblioteca Municipal e no stand da Câmara Municipal na Feira da Festa das Chagas. E, apelava à participação de todos, com sugestões e opiniões uma vez que, as soluções apresentadas pretendiam e cito: “suscitar a discussão pública dos Sesimbrenses.”
No “Sesimbra Município” de Junho de 2008, era noticiada a construção do novo estádio da Vila Amália, que poderia vir a ser iniciado em 2009 caso fossem cumpridos todos os prazos. Referia que o projecto fazia parte da primeira fase do estudo apresentado (Maio.2006) e contemplava também o terminal rodoviário, um parque de estacionamento público com 400 lugares, zona comercial e habitacional. Posteriormente seria feita a rotunda no topo da Avenida, o arranjo da Mata e a instalação de um edifício de serviços e do novo Mercado Municipal nos terrenos do actual terminal rodoviário.
Na página da CMSesimbra, em Julho de 2008, era noticiado que a empresa promotora teria agora dois meses para entregar o projecto de arquitectura e que, se os prazos fossem cumpridos a obra teria início na Primavera de 2009, com um prazo de 15 meses. Referia que este era o primeiro passo para a reconversão da Avenida da Liberdade e que se tratava (e cito): “de uma prioridade da autarquia”.
Em Julho do ano seguinte, a página da CMSesimbra noticiava a requalificação da Mata da Vila Amália, através de um acordo estabelecido entre a autarquia e a Obriverca, no âmbito da construção do edifício Mar da Califórnia. Dizia a notícia que, como o acesso à Praia da Califórnia tinha obtido financiamento comunitário, permitia que o investimento fosse realizado para a requalificação daquele que, (e cito): “é o maior espaço verde da vila de Sesimbra.”
Em Maio de 2010, a página da CMSesimbra voltava a noticiar o “Parque da Vila Amália”, com um projecto que incluía a construção de um parque infantil, mobiliário urbano, corredores pedonais, plantação de árvores e arbustos. E voltava a referir que aquela obra surgia da alternativa às obras de acesso à praia da Califórnia, uma vez que as mesmas tinham integrado uma candidatura ao QREN.
Numa notícia sem data (provavelmente de 2017) a página da CMSesimbra dá a noticia de que está a desenvolver um conjunto de candidaturas ao Portugal 2020 e, a requalificação da Mata da Vila Amália, é um dos projectos que integra a candidatura.
Em Janeiro de 2018, a página da CMSesimbra dá a notícia de que apresentou candidaturas de quase 6 milhões de euros ao Portugal 2020. E refere que um projecto de valorização paisagística, estimado em cerca de 850 mil euros, integra a requalificação do Largo 2 de Abril mas também, a Mata da Vila Amália e cito “a constituição do futuro Parque Urbano da Vila Amália”.
Na reunião de Câmara do passado dia 9 de Junho, foi deliberado por unanimidade, abertura de concurso público para a requalificação do Parque Urbano Mata Vila Amália, em Sesimbra, com um preço base superior a 510 mil euros (mais IVA) e um prazo de execução de 270 dias.
Voltemos à notícia do jornal “Sem Mais” de 13 de Junho (ontem).
Na notícia do jornal “Sem Mais”, diz o Presidente da Câmara, (logo a seguir à explicação sobre o PAMUS e à “verdadeira revolução que permite o acesso pedonal aos principais hubs e transportes públicos do concelho”. - Talvez num outro post dedique a minha atenção a este tema tão, como direi… revolucionário) e cito: “Igualmente revolucionário será o projecto que visa requalificar, em Sesimbra, (e explica o Presidente da Câmara) «toda a zona da Mata da Vila Amália». O projecto, que está em execução, inclui a reabilitação da mata (300 mil euros), do estádio e do terminal rodoviário. «É uma operação mais sensível e delicada, mais complexa, porque envolve propriedade pública e privada. Quando estiver concluído resolve-nos um problema grande de estacionamento pois haverá 500 lugares disponíveis». O projecto prevê também a construção de edifícios de comércio, habitação e serviços, valendo um investimento de 15 milhões de euros. Em fase de adjudicação está a proposta para a edificação da habitação social Bloco da Mata (1,8 milhões de euros.) ”
Alguém percebeu alguma coisa? Não merecem as pessoas mais e melhor informação?
Afinal são 300 mil euros (conforme refere o Presidente da Câmara ao jornal “Sem Mais”) ou são mais de 510 mil euros (conforme deliberado unanimemente em reunião de Câmara)?
Então mas não era a Obriverca que ia fazer a recuperação da Mata fruto do acordo estabelecido com a autarquia, uma vez que dinheiros da Europa financiaram o acesso à praia da Califórnia?
E a revolução que se vai dar na entrada de Sesimbra? Corresponde àquela que foi divulgada em 2006? E que apelava à participação dos Sesimbrenses?
E o edifício camarário? Foi anulada a sua construção? E o novo Mercado? E a rotunda? E o arranjo de toda a Avenida da Liberdade? E o Parque de Feiras?
E quando a revolução se der, e vier a ser inaugurada, serão os Sesimbrenses chamados a comparecer com um cravo na lapela? Ou será melhor levar uma espécie endémica, tipo o Trovisco do Espichel? Fica a ideia.
Diz a canção “o povo é quem mais ordena.” Mas só para o ano, lá para Setembro. Até lá, contentemo-nos com as notícias parcas e contraditórias. Aguardemos serenamente. Porque tudo tem um tempo. O tempo certo. E, claro está, haverá uma revolução. Talvez de sardinha assada, arquinho e balão!
Respiremos.
Com toda a certeza que todas estas perguntas terão respostas. E provavelmente, está pensada uma publicação em papel e digital, para ser partilhada por todo o lado, daquela que será a nova imagem da entrada da vila de Sesimbra. E não podemos esquecer que, a Câmara votou unanimemente. Há que ser paciente. As coisas têm sempre uma lógica associada e, saberemos todos, ao mesmo tempo, do que se trata. Na pior das hipóteses, no dia da inauguração, do tão esperado “Parque da Mata da Vila Amália.”
E lembrei-me agora, as reuniões públicas camarárias ainda são à porta fechada? E para quando a transmissão das mesmas, em directo, através dos canais oficiais e utilizando as tecnologias existentes? Se são públicas, não são segredos. Temos as actas, é certo. Mas as actas têm frases como esta: “O Senhor Presidente da Câmara deu início à reunião tendo, neste Período de Antes da Ordem do Dia, intervindo todo o Executivo.” Ficamos sem saber que intervenções terão sido as dos Executivo… e sobre o quê..
E podem dizer: nas reuniões públicas não aparece quase ninguém. É verdade. Para assistir às reuniões de Câmara podem os trabalhadores faltar de manhã aos seus postos de trabalho? E os Sesimbrenses munícipes que têm comércios, restaurantes, negócios? Os pescadores? Os que trabalham fora do Concelho? Tiram as manhãs de quarta-feira e vão ouvir o executivo? Vivemos num mundo moderno, tecnológico. Aproveitemos as ferramentas. Para que a democracia funcione na sua plenitude e acessível a todos. Seja onde for e a que horas forem.
Ou então que fique tudo na mesma. Sabendo-se que “o que faz falta é animar a malta!”
E não querendo transcrever a totalidade da letra da canção, também se sabe que:
“O que faz falta é avisar a malta!”
“O que faz falta é acordar a malta!”
“O que faz falta é agitar a malta!”
Obrigada Sandra por ser Sesimbrense.
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