FRANK LLOYD WRIGHT

“O maior arquitecto americano de todos os tempos” (conforme refere o Instituto Americano de Arquitectos) nascia naquele ano de 1867 exactamente no dia 8 de Junho, numa cidadezinha do Wisconsin, nos Estados Unidos.

Num episódio que o próprio relatou na sua autobiografia, a sua mãe terá dito, quando estava grávida, que aquele filho, Frankie, quando se tornasse adulto, iria construir belos edifícios. E para o motivar, terá forrado as paredes do quarto do pequeno Frankie com fotografias de catedrais inglesas que recortava de revistas e jornais. 

O pequeno Frankie foi crescendo e tornou-se adulto. E arquitecto. E enquanto o movimento moderno avançava pela Europa com Le Corbusier e a Bauhaus, nos Estados Unidos o pequeno Frankie que agora era, o Arquitecto Frank, criava uma arquitectura orgânica, inserida na paisagem, respeitando os valores naturais, empregando matérias naturais, respeitando a topografia, as árvores e vegetação existente, assumindo que a obra arquitectónica seria parte integrante da paisagem. Integrando-a como solução e não como um problema, na definição do programa arquitectónico. 

Para o Arquitecto Frank, o respeito ambiental, a sustentabilidade e o carbono zero, já fariam parte das suas preocupações (nem imaginando na época, o ideal N-Zeb). E este respeito pela envolvente fazia-o defender a ideia que cada casa é uma casa, devendo obedecer à realidade que a rodeia, porque não existem duas propriedades, dois terrenos ou dois lotes iguais. Por isso, se os terrenos são diferentes, as casas forçosamente seriam diferentes (conceito completamente desfeito nas décadas de 70/80 do século passado, com o boom imobiliário). E reforçava, dizendo que a escala humana deveria ser considerada a parte mais importante para a concepção de todo o projecto.

E com estas ideias inovadoras, foi responsável por mais de mil projectos, dos quais foram construídos mais de quinhentos. E o pequeno Frankie tornou-se assim num dos arquitectos mais importantes do século XX, com obras originais e inovadoras, de edifícios de escritórios, casas, museus, escolas, hotéis. E porque a preocupação pela obra era completa, detalhava muitos dos elementos a empregar no interior, nomeadamente a mobília, embutindo-a nas paredes. Com um objectivo: dotar a casa de ‘defesas’ face a possíveis alterações ou modificações futuras. Para que a obra de arte (porque é disso que se trata) não fosse alterada ao sabor das vontades e das modas efémeras. 

Em Julho de 2019, a UNESCO classificou como “Património Mundial” sete das suas obras.

Não me lembro da primeira vez que ouvi o nome de Frank Lloyd Wright. Mas lembro-me do entusiasmo com que o professor de história falava das obras do arquitecto americano que tinham influenciado os jovens arquitectos europeus. E lembro-me também de quando vi pela primeira vez imagens daquela que será por ventura a sua obra mais emblemática: a “Falling Water House” ou “Casa da Cascata”. Aquela casa metida no meio de uma cascata, como se sempre tivesse existido ali, exactamente ali, com o curso de água e a cascata e todas aquelas árvores e vegetação.

A “Casa da Cascata” foi projectada e construída para a família Kaufmann, que queria uma casa de fim-de-semana perto da cascata, para relaxar no meio da natureza e longe da cidade. Era este o programa definido pelos Kaufmann. Mas o Arquitecto, depois de visitar a propriedade e de ter o levantamento topográfico de toda a propriedade, com o curso de água e a cascata, incluindo todos os rochedos e árvores, demorou cerca de 9 meses para apresentar uma proposta aos Kaufmann, dizendo-lhes: “Quero que vivam na cascata, e não apenas que olhem para ela”. E foi isso que aconteceu. A “Casa da Cascata” respeitou o curso de água e integrou nela a cascata e a natureza que a rodeia. 

Mas a obra teve os seus contratempos, sendo conhecidos alguns conflitos entre o Arquitecto, o empreiteiro e os Kaufmann. Talvez o mais curioso seja o que relata a desconfiança de Kaufmann perante o uso de betão armado, (desconfiando da experiência do Arquitecto sobre a utilização daquele material), levando-o a pedir a outra equipa, um relatório que reavaliasse o projecto. Frank Lloyd Wright assim que tomou conhecimento do relatório pediu imediatamente os seus desenhos declarando que, a partir dali retirava-se do projecto. Kaufmann pediu desculpas pelo facto e, Frank Lloyd Wright voltou ao projecto. No decorrer da obra, enterrou o relatório dentro de uma das paredes de pedra da casa.

Morreu aos 92 anos. Reconhecido ainda em vida, mundialmente. Continua a ser uma inspiração e referência. Influencia e influenciou muitas obras arquitectónicas portuguesas. E Sesimbra não é excepção. Mas isso, talvez noutro dia, num outro post 😊



FONTE DA IMAGEM: franklloydwright.org)

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