GUIA PRÁTICO PARA JANTARES FAMILIARES - COVID19
Ao que parece, e depois de 45 dias de estado de emergência, em que o confinamento social se tornou uma realidade nas nossas vidas, podemos regressar aos poucos, à normalidade (entenda-se, de outra normalidade que não aquela que era a nossa antes do silencioso vírus).
E dentro do regresso à normalidade, estão incluídos os jantares familiares, desde que cumpridas as regras de segurança e higiene (diz a DGS).
Ou seja, todas as famílias que, pelo menos há 45 dias, não partilham o mesmo espaço, não respiram o mesmo ar, não se abraçam, não se beijam porque, ninguém sabe se está infectado, ou se é assintomático, ou se poderá estar imune ou a incubar, poderão reunir-se alegremente, à volta de uma grande mesa, como nos bons velhos tempos!
Mas, quais são as regras de segurança e higiene, para que um jantar familiar possa ocorrer normalmente, dentro desta nova normalidade?
Vejamos. Tomando como base as regras definidas relativamente aos lares, escolas, comércio e serviços, deveremos usar máscara, anular o contacto físico, cumprir regras de higiene no que diz respeito à disciplina respiratória e lavagem de mãos, não partilhar utensílios e, assegurar a limpeza de espaços comuns. Fácil.
A todas as famílias que ficaram afastadas graças a este vírus mortal e invisível, cumprindo a ideia base de proteger, protegendo. A todos os pais que ficaram sozinhos. A todos os irmãos que ficaram cada um em sua casa. A todos os netos e sobrinhos que ficaram fechados e em telescola. A todos os avós que ficaram isolados. A todos os tios, tias, primos, padrinhos e afilhados. O momento é agora!
O que proponho é um GUIA PRÁTICO PARA JANTARES FAMILIARES COVID-19, sabendo-se que todos os participantes terão as mãos desinfectadas e a obrigatória máscara:
1º. Escolher em que casa se fará o jantar familiar, sendo que deverão ser tidos em conta três importantes aspectos: número de pessoas; tamanho da sala de jantar; número de casas de banho existentes.
2º. São proibidos abraços e beijos sendo que cada participante no jantar familiar deve estar munido de máscara que, apenas retirará, para comer e beber;
3º. A distância entre comensais deve obedecer à regra de distanciamento de pelo menos 1.50m, admitindo-se que este distanciamento possa não ser cumprido entre aqueles que convivem e partilham os mesmos espaços e que sempre estiveram juntos nomeadamente durante os 45 dias de isolamento;
4º. São proibidas partilhas de comida, de bebida e de talheres;
5º. As idas à casa de banho devem ser reduzidas ao mínimo possível, sendo que, após cada utilização, a mesma deverá ser obrigatoriamente desinfectada e arejada;
6º. As crianças, potencialmente alvos privilegiados para a transmissão do vírus, deverão limitar-se ao espaço da sua cadeira, não devendo saltar entre sofás, tocar em comandos ou botões de televisão ou outros objectos de relevância significativa;
7º. Compete ao cozinheiro ou cozinheira da refeição, e apenas a este, o manuseamento dos alimentos e/ou utensílios necessários para a execução da mesma;
8ª. Cada comensal disporá do seu próprio talher para se servir, sendo o mesmo diferente do talher que utilizará para comer;
9º. Um dos comensais será o único responsável pelo serviço de bebidas (água, sumo, vinho), dispondo em cada copo a bebida pretendida por cada comensal, sendo que, são permitidos brindes desde que os copos não toquem uns nos outros;
10º. Devem os comensais fazer-se acompanhar do seu próprio prato, copo e talheres para o jantar familiar, sendo que no fim, levarão os mesmos para as respectivas casas.
Excessivo? Não sei. Talvez.
Já pensaram que, quando o jantar acabar e cada um voltar ao seu habitat, a casa onde se reuniram ficará cheia de tudo, ou de nada, para os que lá ficam? E que andámos a proteger, protegendo-os e protegendo-nos?
Pergunto: O que é que mudou de repente, para que eu possa hoje, participar num jantar familiar quando ontem, não o podia fazer?
Aparentemente, nada mudou de ontem para hoje. E o número de infectados continua a subir.
Quanto a mim, e depois de 45 dias sem jantares familiares, prefiro não correr riscos desnecessários. Por mim e por todos.
E esta nova normalidade virá calmamente, sem precipitações. E em segurança. Porque dizem os especialistas, o risco agora é muito maior. E se é muito maior, devemos continuar a proteger. Protegendo e protegendo-nos.
E como disse o nosso Primeiro-Ministro hoje no debate quinzenal no Parlamento, “esta não é uma corrida de 100 metros, é uma longa maratona com fim incerto”.
E se não é uma corrida de velocidade mas sim uma corrida de resistência, cabe-nos resistir para que velozmente possamos voltar às jantaradas e almoçaradas como esta, bem portuguesa, e que ilustra este post!
(imagem do filme "A GAIOLA DOURADA")
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