O XADREZ DO MUNDO

Hoje o que vos proponho é um jogo de xadrez.  

Vamos imaginar um tabuleiro com casas pretas e brancas em que cada jogador dispõe de 16 peças. O objectivo do jogo é a tomada do rei do jogador contrário e, a defesa do seu. Ou seja, o xeque-mate de um rei sobre o outro. A partida é disputada por dois jogadores que, obedecendo a uma estratégia e disciplina mental, movimentam as peças de forma a alcançarem o objectivo supremo: organizar a defesa, preparar o ataque, desferir uma ofensiva (contando com os danos colaterais), anular a ofensiva do adversário e caminhar para o ambicionado xeque-mate.

Imaginemos que um dos jogadores se chama Donnie. E o outro, Xico. Nesta fase é importante referir algumas características dos jogadores:

Donnie é um tipo populista, que vive do show-off que a comunicação social lhe proporciona. É um jogador de risco, do tudo ou nada e, várias vezes foi tramado pela sorte, perdendo dinheiro, bens, poder. Gosta do risco, da adrenalina, de tomar decisões em batalhas que não domina e que não conhece. Ignora as regras, os métodos, os exemplos, a história de todos os que já estiveram no seu lugar.

Xico é um tipo recatado, que vive segundo um código moral apertado, sendo o exemplo supremo daqueles que o rodeiam. É um jogador ponderado, onde o pensamento, a intuição, a inteligência e o conhecimento que detém deram-lhe o poder que aplica e respeita como verdade absoluta e universal. Gosta de pensar nele próprio como um Imperador, o último do planeta. Respeita as regras, os métodos, os exemplos e os séculos de história grandiosa e exemplar de todos os seus antecessores.

Agora imaginemos que o tabuleiro de xadrez é o planeta Terra. E que, de um lado está Donnie e do outro está Xico.  

Donnie ambiciona chegar ao xeque-mate, dominando todo o tabuleiro de xadrez. Xico já domina o tabuleiro de xadrez, em silêncio e sem que Donnie tenha essa consciência. 

E é quando Donnie começa com um ataque violento, lançando os seus “gambitos”. E o que são os “gambitos”? É o nome que se dá a uma das primeiras jogadas de um jogo de xadrez e que consiste basicamente no seguinte: o jogador lança o Peão num sacrifício interessado e voluntário, cujo objectivo é o de retirar vantagem posicional ao adversário e preparar um ataque. 

E o que faz Xico? Oferece como resposta “contra-gambitos”. Ou seja, anula o ataque de Donnie, colocando os seus Peões na frente da batalha, anulando-se mutuamente. E fica quieto (aparentemente) preparando uma contra-ofensiva. E o que faz Donnie? Esperneia. Utiliza as redes sociais e a comunicação social, espalha rumores, boatos, ideias de controle digital por parte de Xico sobre todo o tabuleiro de xadrez.

E anda nisto, diariamente, avançando com os “cavalos” que se perfilam com restrições ao avanço de Xico.

E é quando sem que ninguém estivesse à espera, Xico anuncia baixas nas suas tropas. Os chamados danos colaterais que fazem parte de uma estratégia de jogo, pensada e ponderada.

Donnie ainda está com o pensamento nos “gambitos” e continua a espernear nas redes sociais e comunicação social, lançando alertas para o resto do tabuleiro de xadrez relativamente ao perigo tecnológico que nos irá controlar e que vem de Xico. Ninguém parece preocupado com as baixas nas tropas de Xico.

E é quando os danos colaterais de Xico provocam uma mudança no jogo. A partida agora está aberta, com canais longitudinais, transversais e diagonais completamente abertos e desprotegidos. E aquilo que eram baixas nas tropas de Xico começam a espalhar-se por todo o tabuleiro, atingindo Donnie, completamente desprotegido e ignorando a realidade e a força deste ataque.

Parece-vos familiar?

De um dano colateral pensado e cuidado por parte de Xico, o que assistimos agora é a uma mudança no paradigma de jogo. Donnie está confuso, sem saber o que fazer. Todas as suas peças do tabuleiro o aconselham a parar, a proteger a vida dos seus peões. Xico movimenta-se. Oferece ajuda, avançando pelo tabuleiro com tudo o que é necessário para combater tão potente ataque. E protegendo vai avançando, serenamente, na direcção do rei de Donnie.

Estaremos perto de um xeque-mate. Se Donnie continuar confuso, sem ouvir, sem pensar, sem estratégia, Xico sairá vencedor e aclamado por todas as peças do xadrez.

Que grande jogada. Digna de ficar na história do xadrez mundial. Talvez como a mais arriscada, pandémica, mortífera, solidária e humanitária. 

E Donnie? Saberá como a história o irá lembrar? 

E os peões? Todos os peões? São só os “gambitos” de um grande jogo de poder. De dinheiro. De grandeza económica. Nada mais do que isso. 

Lembremo-nos que no final das grandes jogadas, são os “gambitos” que mudam a história do jogo. Com revoluções. E cabe aos peões, a todos os peões, tomarem uma posição de futuro. Para que não mais sejam usados, testados, mortos, encurralados, amedrontados, perante a ambição de um e o controle de outro.

VAI FICAR TUDO BEM. 

Porque não se trata de um jogo de xadrez. Nem de estratégias. Nem de "gambitos". 

Porque este, foi só um cenário fruto da imaginação, depois de duas semanas em isolamento.

VAI FICAR TUDO BEM. 



FONTE DA IMAGEM: pt.dreamstime.com

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