SEVENTH ROUND: COSTA/SILVA. AND THE WINNER IS...
Novo debate. PS e PAN. SIC. Clara de Sousa modera, de casaca azul clara abotoada. António Costa sério, de casaco azul escuro, camisa azul clara e gravata de xadrez vermelho. André Silva igualmente sério, de camisa branca desabotoada, sem colarinho.
E a primeira pergunta é para António Costa e é relativamente a uma afirmação do PAN: Portugal deve ser responsável financeiramente mas não precisa de ser o bom aluno da Europa.
António Costa responde que Portugal tem de estar "em pé de igualdade". E Clara de Sousa questiona André Silva: o que quer o PAN dizer com isso? E André Silva: "Devemos cumprir as regras europeias mas não ir mais além. Nós somos europeístas".
Clara de Sousa refere a António Costa que no último debate André Silva disse que o maior erro de António Costa foi a falta de visão que hipotecou as gerações futuras. O que tem a dizer sobre isto? E António Costa: "Se o André Silva puder explicar..." E André Silva; "São as questões ambientais. O futuro governo será competente se tiver uma oposição competente. O PS em determinadas matérias é pouco ambicioso." E António Costa refere as medidas implementadas, as directivas europeias, "as metas antecipadas, como 2030 em vez de 2050".
António Costa está sério. Clara de Sousa pergunta-lhe: 2030.É possível ou não antecipar 20 anos a neutralidade carbónica? E António Costa confiante responde: "2030 é uma data chave e é ai que temos de nos concentra: duplicar as energias renováveis; reduzir em 50% as emissões de carbono; a electricidade produzida atinja 80% em energia renovável. Não vamos mais rápido porque temos de compatibilizar a mudança com as empresas e as famílias".
André Silva reage dizendo que "a produção de energia renovável é possível até 2021, fechamos Sines e Pego. Todas as centrais de gás natural do país conseguem superar estes défices".
António Costa responde: "A nossa meta é 2030: duplicar a energia renovável - eólica e solar e fechar até 2023 a central do Pego e , até 2030 a central de Sines. E a grande aposta é na mobilidade". E fala dos transportas públicos, da ferrovia, dos carros,...
E Clara de Sousa: E porque é que o PS entende não declara emergência climática?
António Costa: "Não se resolve com uma declaração. Nós já assumimos a emergência climática desde o inicio da legislatura".
E André Silva reage: "Declarar a emergência climática é importante enquanto compromisso com o país". E dá o exemplo dos debates: "Só se debate o clima e estes temas nos debates onde está o PAN. Mais nenhum partido introduz este tema nos debates."
E o debate quase que incendeia. Com reacções a sobreposições. André Silva com aquela ruga marcada na testa, dizendo que o PS podia ir mais longe e que "é possível antecipar para 2021". António Costa está sério. Gesticula dizendo que não anda mais rápido porque "só assumo o compromisso que tenho a certeza que vou cumprir".
Clara de Sousa muda de tema: Elisa Ferreira vai conseguir gerir a pasta que maior interesse tem para Portugal? António Costa: "Acho que vai saber gerir muito bem." Clara de Sousa pergunta a André Silva que expectativas é que o PAN tem? E André Silva: "Uma expectativa moderada. Eu espero que Elisa Ferreira vá mais al´m do que os interesses de Portugal".
Clara de Sousa volta a mudar de tema. Turismo. Portugal está na era de ouro. O PAN defende a definição da carga do país e que se imponham quotas. Concorda?
António Costa é claro: "Não. Nós temos é que ter um turismo 365 dias por ano, para todo o país e, a revitalização de todo o espaço rural."
André Silva ataca: "É pouco sensato ter esta perspectiva em matéria de turismo. Não sabemos a carga turística do país, das cidades. E quanto ao espaço rural, o PS está a transformar o Alentejo num olival intensivo."
António Costa reage de imediato dizendo que é importante esclarecer que "o Alentejo tem 3 milhões de hectares. 170 mil hectares são olival e destes, 1,5% é intensivo". E argumenta dizendo que "onde o solo tem capacidade de produção devemos apostar nessa produção para que tenhamos capacidade de subsistência". Dá o exemplo da produção de azeite. Há poucos anos, Portugal produzia 40% do azeite que consumia. Hoje produz 150%, permitindo a exportação. "Devemos evitar as monoculturas mas não podemos deixar de apostar na nossa auto-suficiência".
O debate está perto do fim e Clara de Sousa tem a pergunta final. Uma para cada um. Começa por António Costa, sobre as relações familiares: o seu filho Pedro vai ser Presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique. Se num cenário hipotético, um membro do seu governo convidar o seu filho para trabalhar, como irá reagir?
António Costa fica claramente transtornado respondendo: "não vejo porque é que um membro do governo convidaria o meu filho nem vejo o meu filho a aceitar. O que desejo é que o meu filho seja feliz. Nunca pediu nada ao pai e não vai ser agora... aliás o meu irmão já chefiou esta casa e nem por isso ouve algum tipo de pressão. Somos todos independentes".
É a vez de Clara de Sousa questionar André Silva sobre a posição do PAN relativamente às vitimas de assalto violento: Se num cenário hipotético, um seu familiar fosse vitima de um assalto violente, iria tentar convencê-lo a uma reconciliação com o agressor?
André Silva está sério. Sério. Respira fundo e responde: "Temos que evoluir enquanto sociedade..." Clara de Sousa interrompe: Ia ou não ia? E André Silva: "Não ia obrigar ou convencer ninguém".
E o debate termina.
PAN e PS. Em acordo nas matérias. Em desacordo nos tempos do caminho a percorrer. O PAN diz que é possível fechar o Pego e Sines até 2023. O PS prefere seguir um caminho seguro e avança com 2030. Será? Sines fechada em 2030?
Percebeu-se que estão em sintonia apesar de tentarem mostrar o contrário. Em especial o PAN. Mas não conseguiram. Estão prontos para mais uma legislatura. Sabendo o PAN que o PS fala a mesma língua ambiental. E sabendo o PS que se precisar, o PAN estará lá, disponivel. Porque no fim de contas é disso que se trata. Disponibilidade para ser parceiro e/ou para aceitar parcerias.
Até ao próximo!
FONTE DA IMAGEM: JN
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