ELEVENTH ROUND: MARTINS/RIO. AND THE WINNER IS...
Mais um debate, TVI. Pedro Pinto de casaco azul, camisa branca e gravata castanha. De um lado Catarina Martins, de casaco preto, blusa vermelha e um colar com uma pedra vermelha. Do outro, Rui Rio, de casaco preto, camisa branca e gravata azul clara com pintas azuis escuras.
E a primeira pergunta é para Catarina Martins: Onde é que é mais útil um voto para evitar a maioria absoluta do PS? No BE ou no PSD?
Catarina Martins sorri: "Rui Rio diz que o objectivo é afastar o BE de qualquer governação e que para isso, até prefere perder! As diferenças entre PSD e BE são muito grandes".
Pedro Pinto interrompe, virando-se para Rui Rio: Prefere perder as eleições do que ver o BE no governo?
Rui Rio sorri, abrindo os braços e franzindo a testa: "Se isso fosse o meu desejo, eu teria de ser internado. Vamos para ganhar. As sondagens que têm vindo a ser apresentadas, mais ou menos manipuladas, não vão ser nada disso".
Manipuladas por quem?, pergunta Pedro Pinto. "Por quem as faz e tem interesse nisso" (e o debate fica taco-a-taco entre Pedro Pinto e Rui Rio) E quem é que tem interesse nisso? - "Quem as faz". Acha que o PS não vai ter maioria absoluta? - Ponha a pergunta ao contrário: se eu disser que o PSD vai ter maioria absoluta? Você não acredita! As sondagens servem para isso. O nosso papel é retirar o BE e o PCP do poder. Assim como o papel do BE e do PCP é retirar o PSD e o CDS do poder".
E Pedro Pinto pergunta: prefere uma maioria absoluta do PS ou afastar o BE e o PCP? Resposta convicta de Rui Rio: "Não vai haver maioria absoluta nenhuma. Ponto. Este debate não é fácil".
E Pedro Pinto introduz o tema das nacionalizações. E Catarina Martins fala do governo PSD/CDS, da EDP, dos CTT, da banca,... e Rui Rio vai reagindo dizendo que o caos a que chegou o país foi graças ao governo Sócrates. E Catarina Martins: "Talvez o PSD não devesse estar sempre a evocar José Sócrates, porque quem quis empobrecer o país foi Passos Coelho. O PSD e o CDS privatizaram porque queriam".
Rui Rio reage, dizendo que as propostas do programa do BE são "tipo o PREC de 1975! Não estou sempre a referir o engenheiro Sócrates mas sim o governo". E fala das propostas do BE de querer nacionalizar empresas que o estado vendeu, referindo que "a divida portuguesa é uma das mais altas do mundo", e que nacionalizar essas empresas só iria fazer subir ainda mais a divida pública. E Acrescenta: "O dinheiro que foi dado à banca, por exemplo ao Novo Banco, estava nos orçamentos aprovados pelo BE. E eu agora também podia estar aqui a atirar com isto para cima do BE!"
Pedro Pinto muda de tema: saúde. O BE quer acabar com as PPP. Que ideias tem para a saúde em termos orçamentais? Catarina Martins responde: "O PSD propõe aumentar as PPP. Tem sido uma ideia ruinosa". E fala dos exemplos dos hospitais de Cascais, Vila franca de Xira, Braga. E fala da promiscuidade que existe entre os políticos e as PPP. E dá exemplos de ministros, secretários de estado e deputados que têm representatividade nos grupos privados de saúde. "É essa promiscuidade que tem vindo a enfraquecer a imagem da saúde".
Pedro Pinto pergunta a Rui Rio: pode haver promiscuidade? E Rui Rio afirma: "Depende. Pode haver. O serviço nacional de saúde para o PSD é público mas defendemos que possa ter gestão privada, se for melhor." E fala dos hospitais públicos, do que conhece, do que lhe contam relativamente ao desperdício hospitalar. Fala do direito à saúde estar consagrado na Constituição da República. E diz: "O BE defende a ADSE, que permite que os funcionários públicos possam ir ao serviço privado. Porque é que os outros não podem ter ADSE?" E termina dizendo que, "no meu caso pessoal, tenho um seguro de saúde, e se não tivesse tenho posses de poder ir ao privado. Mas e os mais carenciados, que não têm seguro nem ADSE? Ficam meses, anos à espera de consulta. Alguns morrem pelo caminho. Acha que quem vai ao hospital quer saber se a gestão é pública ou privada? O que quer é ser bem tratado".
Pedro Pinto pergunta : a ADSE é uma hipocrisia do BE? E Catarina Martins responde: "A ADSE é dos funcionários públicos". E fala dos hospitais com gestão privada que mandam os doentes para os públicos. E pergunta quais são os hospitais que o PSD quer privatizar: "O São João no Porto? O São José ou Santa Maria, aqui em Lisboa? E depois?, para onde é que mandam os doentes?" E refere o cenário de hospitais que têm doentes nas cozinhas, em macas.
Rui Rio suspira, de testa franzida: "O serviço nacional de saúde tem muitos problemas. Sempre teve. O governo degradou o serviço nacional de saúde. É ver como estava antes e como está agora. Está tudo pior. E a responsabilidade é deste governo. Do BE. E também do PSD".
Pedro Pinto pergunta: não pode abdicar de contar com os privados? E Rui Rio: "Não. Os privados são como complemento. O provado tem de entrar na gestão hospitalar como complemento. O grosso, tem de ser público".
E Pedro Pinto muda de tema: Lei Laboral. Para o BE não serve? Catarina Martins diz que "precisamos de combater a precariedade e puxar pelos salários. Precisamos de uma legislação laboral forte".
Pedro Pinto pergunta: O PSD absteve-se na votação da Lei Laboral. Porquê? E Rui Rio: "O PSD, por ele, não apresentava alterações à Lei Laboral. Mas se têm a concordância dos sindicatos e dos patrões, o PSD optou por se abster."
Perguntas finais.
Para Catarina Martins: Disse que Rui Rio tem traços de autoritarismo. Quer explicar? Catarina Martins diz que não disse só isso e explica. E depois remata: "Rui Rio tinha dito que não tinha vontade de ser deputado. Se não quer ser deputado, não se devia candidatar."
E a pergunta para Rui Rio: dizem os críticos que anda desaparecido em campanha?
Rui Rio faz um ar surpreendido: "Os críticos? Por acaso essa critica ainda não ouvi. Mas eu também não oiço todas. Tenho criticas de dentro do partido e de fora. Essa não ouvi". E responde a Catarina Martins: "O que as pessoas não estão habituadas é que os políticos sejam sinceros. Eu sou sincero. Eu não sou politicamente correcto".
E o debate termina.
Um debate que teve os seus momentos. De mais ou menos confronto mas, com delicadeza. Nada demasiadamente agressivo. PSD e BE estão em campos opostos e como Rui Rio disse, este debate não é fácil.
De um lado, Rui Rio, politicamente incorrecto, que diz claramente que o que quer ser é 1º. ministro. Do outro lado, Catarina Martins, que quer ser deputada e que ainda não consegue sonhar com o lugar de 1ª. ministra. Talvez sonhe com um lugar de ministra. Talvez. Mas sendo ministra, seria como o outro que tinha sido empregado e agora era patrão e que para se justificar, dizia aos ex-colegas: "agora que sou patrão é que sei como as coisas são".
A verdade é que o melhor é não fazer muitas ondas. Diferentes mas respeitosos. Porque o amanhã é incerto e podem surgir parcerias que hoje são, impossíveis e inimagináveis!
Até ao próximo.
FONTE DA IMAGEM: TWITTER-CATARINA MARTINS
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