EIGHTH ROUND: RIO/SOUSA. AND THE WINNER IS...

E novo debate na RTP 1. António José Teixeira, de casaco azul escuro, camisa branca e gravata vermelha com pintas brancas, apresenta Jerónimo de Sousa, de camisa azul clara, gravata vermelha e casaco azul escuro. De seguida, Rui Rio, de casaco castanho, camisa branca e gravata azul com pintas brancas.

E a primeira pergunta é para Rui Rio, que justificava numa entrevista na Antena 1 a falta de entusiasmo para ser deputado. Não sentiria um orgulho pessoal poder fazer reformas enquanto deputado?

Rui Rio explica que: "aquilo que eu disse é que eu candidato, se ganhar é para ser 1º. Ministro. Eu hoje não estou no parlamento e as reformas não se fizeram. O nosso objectivo é eu liderar um governo. Eu não quero ser deputado. Quero ser 1º. Ministro." 

António José Teixeira interrompe: Se não for 1º. Ministro não vai estar muito tempo no parlamento?Resposta imediata de Rui Rio: "Vai depender."

É a vez de Jerónimo de Sousa responder à pergunta de António José Teixeira: Continua entusiasmado por ser deputado? Jerónimo de Sousa sorri, respondendo que: " Há alegrias melhores na vida! É uma tarefa de grande exigência".

E António José Teixeira introduz o tema das 35 horas de trabalho. O PCP defende que se estenda ao sector privado. Concorda?

Rui Rio responde convicto: "Que é justo é. Fui contra o PS baixar para 35. Vamos lutar para que o desenvolvimento económico privado possa passar para as 35 horas."

Jerónimo de Sousa defende que: "35 horas é o caminho. É um avanço civilizacional, as 35 horas para todos".

António José Teixeira diz que o programa do PSD apresenta medidas para as desigualdades salariais do país. Admite determinar um rácio equiparado à União Europeia. Isso não é expectável do PSD?

Rui rio sorri: "Fui eu que meti esta ideia no programa do partido. Não é moral que o topo ganhe mais do que os que estão cá em baixo. Tem de haver limites. Têm todos de ganhar. Se a empresa dá lucro não pode ser só o topo a subir o ordenado e os outros ficarem na mesma. Não pode haver lugares de topo a ganhar 1 milhão - como os há - e os cá em baixo ganharem 600€. Acho imoral".

Jerónimo de Sousa, por momentos, ficou boquiaberto. E diz: "Para nós, uma das questões que convocamos como emergência nacional é a valorização do salário mínimo nacional. Poderia ser aumentado para 850€".

António José Teixeira questiona Jerónimo de Sousa sobre a proposta da CGTP: 90€ de aumento salarial para todos. E Jerónimo responde. "Tem um sentido positivo. A nossa proposta não impede a dinâmica sindical".

E Rui Rio reage dizendo que "nós temos o mesmo objectivo. Melhorar os salários. o nosso objectivo são 700€ de salário mínimo até ao fim da legislatura". 

E quanto a prestações sociais?, pergunta António José Teixeira. O PCP defende a reposição do abono de família e o reforço de montantes. De quanto?

Jerónimo de Sousa responde convictamente que: "primeiro é voltar a esse direito universal e depois encontrará essa verba. Porque o abono de família é um direito da criança. Não comecemos logo a criar desigualdades. Não é um direito dos pais".

O PSD diz querer reformular. E em tempos, diz António José Teixeira. defendeu que se calhar era melhor acabar com o abono e criar um subsidio. Desistiu dessa ideia?

Rui Rio responde que "sim. Temos de ter uma politica forte de natalidade. A proposta é alargar o abono de família a pessoas mais carenciadas e depois damos mais 50% pelo segundo filho e mais 100% pelo terceiro filho. Temos diversas situações".

Jerónimo de Sousa reage, dizendo que para a questão da natalidade é fundamental criar uma "rede pública de creches - gratuitas. O problema de muitos pais é não terem dinheiro paras as creches. Esta medida complementada com o abono seria o fundamental para a questão da natalidade".

Rui Rio sorri dizendo que "também concordamos com as creches gratuitas. A maneira de lá chegar é que é diferente!".

E António José Teixeira, provocador, pergunta: temos dinheiro para gastar? Há de facto uma folga orçamental?, que permita todas estas propostas: subir salários, atribuir abonos e subsídios, creches gratuitas?

Rui Rio responde que "hoje 2019, não tem condições. Em 2020 terá mais condições, em 2021 terá ainda mais, e assim sucessivamente até 2023. Se houver crescimento económico isso existe. E em 4 anos!"

Jerónimo de Sousa sorri. Afirma que "o PSD e o PS têm uma dificuldade: a ditadura do défice, a divida e as opções que se tomam. Há sempre dinheiro para a banca e para os banqueiros."

António José Teixeira interpela-o dizendo que o PCP aprovou os orçamentos de estado apresentados pelo PS. E Jerónimo de Sousa reage, gesticulando: "Mas isso não estava lá!

Rui Rio sorri. E António José Teixeira apresenta a ideia do PSD em criar um Sistema Nacional de Saúde do qual o Serviço Nacional de Saúde fará parte. Isso não é uma forma de desvalorizar o Serviço Nacional de Saúde?

Rui Rio fica sério e responde: "Não. O serviço é público. Mas se os privados estão capazes de gerir um hospital, porque é que não podem entrar no sistema? O serviço continua mas o privado pode entrar no sistema".

Jerónimo de Sousa olha fixamente para Rui Rio. António José Teixeira refere que a Lei de Bases da Saúde continua a permitir as Parcerias publico-privadas. No horizonte futuro é uma derrota para o PCP?

Jerónimo de Sousa: "Apresentámos a proposta e no debate na especialidade conseguimos que as PPP não ficassem lá. Esta é uma divergência de fundo com o PSD. Para nós a saúde é um direito. O PSD concorda que esta deve ser uma área de negócio e não um direito".

Rui Rio reage com um: "não, não".

E o debate está mesmo a terminar. Apenas a tempo de António José Teixeira perguntar a Jerónimo de Sousa se se vai repetir uma viabilização de um governo PS como há 4 anos atrás.

Jerónimo de Sousa responde: "os portugueses é que vão decidir. São eleições para eleger 230 deputados. Há coisa que não são repetíveis. Deixemos que o povo português decida e que dê mais força ao PCP".

E o debate termina.

Num clima prudente. Sem grandes discussões ou provocações. Foi um debate em que os dois se respeitaram. Rui Rio não foi com a posição de "pai de todos" e Jerónimo de Sousa manteve uma posição firme e coerente.

São posições completamente divergentes. De um lado a economia e o desenvolvimento económico (Rui Rio é economista) do outro lado os direitos e os trabalhadores (na coerência habitual de Jerónimo de Sousa e do PCP).

Dificilmente algum dia PSD e PCP formariam uma qualquer aliança de governo. Sabendo-se que Rui Rio não quer ser deputado e que Jerónimo de Sousa afirma que existem alegrias melhores na vida.

Até ao próximo!

















FONTE DA IMAGEM: TSF





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