MARCHA HUMANITÁRIA

Em França, uma marcha humanitária contra os anti-semitas invadiu as ruas de Paris. O Presidente Macron fez questão de marcar presença face aos ataques ocorridos (especialmente contra os judeus franceses) e aos cartazes com a cruz suástica que estão espalhados um pouco por todo o lado.

Entretanto, a NASA está com algumas dificuldades em enviar o primeiro grupo de humanos para Marte. Dificuldades financeiras não permitem colocar em Marte a primeira colónia de terráqueos. Do orçamento anual de cerca de 8 bilhões de euros, a NASA precisa pelo menos de um aumento de 2%. Ou sejam, mais 160 milhões de euros. Trocos.

E o que é que estes dois assuntos têm em comum? Nada, absolutamente nada. Mas eu, se por acaso não fosse terráquea e fosse marciana, estaria confusa com estas duas notícias. Porque é que os terráqueos querem tanto conhecer Marte e os marcianos? Quando não querem saber do seu próprio planeta e dos seus semelhantes?

Se eu fosse marciana, assim que aterrasse (desculpem, “amartasse”) a nave espacial com o grupo de terráqueos, abordá-los-ia com a seguinte pergunta:
Expliquem lá aos marcianos, que estão aqui sossegados e não têm interesse nenhum na mistura com terráqueos, porque é que vocês preferem gastar 8 bilhões de euros para virem até aqui quando, no vosso planeta, não respeitam a natureza nem a vida? Não respeitam os diferentes povos, etnias, religiões? Não conseguem aceitar as diferenças entre vocês e vão conseguir aceitar as nossas diferenças? Que somos verdes, de olhos esbugalhados, com duas antenas e uns braços finos com dedos muito compridos?
Voltem lá para o vosso planeta e tratem de acabar com a fome e com a guerra. Com a droga, com o tráfico de armas e com o tráfico humano e com os refugiados. Com a exploração infantil e com os trabalhos forçados e escravizados. Com a violência racista, xenófoba, anti-semita, homofóbica, religiosa, sexual, política e até, desportiva. Acabem lá com os crimes ambientais e com a exterminação das espécies animais. Acabem lá com a poluição dos mares e dos rios que vos sustentam. Acabem lá com essa ideia de enriquecer à custa da exploração de alguns da vossa espécie. 
A ambição desenfreada por dinheiro e poder, tolda-vos o pensamento e torna-vos mesquinhos, invejosos, maldosos, cruéis, frios, vingativos, e tantos outros adjectivos que nunca mais acabam e que nós não queremos no meio de nós. 
Ou acham que chegam aqui e nos colonizam? E que daqui por uns tempos somos os vossos servidores e vocês os nossos patrões?
Quando aprenderem com os vossos erros e com a história do vosso planeta, talvez se tornem terráqueos iguais entre vós. E se isso acontecer, poderão depois pensar em nós. Até lá, não vos queremos cá. 
Têm por isso 30 segundos para abandonar o nosso planeta.

E depois disto, uma espécie de canhões e tanques de guerra apontavam as suas miras na direcção da nave terráquea e ouvia-se uma contagem decrescente: 30,… 29,… 28,… 27,… 26,…

Mas como não sou marciana, penso: uma coisa não impede a outra. Desde que as vontades e as prioridades do mundo, estejam bem definidas. Até lá, continuo a acreditar nos homens e nas instituições, nomeadamente a ONU. 

E que a NASA consiga o aumento de 2%. Era lindo humanos em Marte!


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