MANUAIS ESCOLARES
Durante meses fomos ouvindo a vontade dos partidos de esquerda em garantir livros escolares gratuitos para o ensino. Com esta medida, seriam aliviados os custos das famílias com crianças em idade escolar, sendo que os manuais deveriam ser assegurados pelo estado.
Ora o estado somos nós. E são os nossos impostos. E a medida foi consagrada. E os manuais escolares são gratuitos. E para o ano, serão até ao 12º.
Todas as famílias com crianças em idade escolar fizeram o mesmo de sempre: encomendaram os livros nas papelarias (perto de casa). Quando os manuais chegaram, levantaram a encomenda sem pagar. Porque são gratuitos! Tudo feliz e contente. Mais uma bandeira para a esquerda acenar como vitória.
Falemos agora das empresas que produzem os livros escolares. Nada de novo. Continuam a produzir e a vender.
Falemos das papelarias. Fazem as encomendas dos livros escolares e têm de as pagar. Porque é gratuito para as famílias. Não é gratuito para a pequena empresa que tem um negócio (por vezes familiar) de papelaria. E fica à espera.
E como a medida é nova, o governo age como costuma agir. Não paga. Ou por outra, irá pagar. Um dia. E uma medida tão badalada, assumida pelos nossos impostos, começa da pior maneira: com uma divida de milhares de euros a crescer de dia para dia.
Sinceramente, não percebo. É que as famílias com crianças em idade escolar, e com todos os encargos que têm, conseguiam pagar os manuais escolares. E as pequenas empresas familiares iam vivendo. E as empresas que produzem os livros iam enriquecendo.
O que é que mudou? Um elemento novo chamado “governo” entrou na engrenagem. E como é seu apanágio, paga. Mas o mais tarde que puder. Como no velho ditado: “pagar e morrer é o mais tarde que puder ser”.
A diferença é que não é o estado a encomendar os livros. São os privados a encomendar a privados. E no privado se não pagas, acaba-se o fornecimento. Não pagamos a luz, cortam. Mas se for a conta da luz de um organismo do estado, não corta e vai acumulando divida. Não pagamos telefone, cortam. Mas se for um organismo do estado, vai acumulando divida. Vamos à farmácia sem dinheiro, não trazemos medicamentos. O estado encomenda medicamentos e vai acumulando a divida.
Gostava de ouvir agora os partidos de esquerda sobre este acumular de divida numa medida nova tão bonita e positiva.
Concordo plenamente que os livros escolares sejam gratuitos (como já acontece noutros países) mas não percebo este “deixa andar”. São nas pequenas coisas que percebemos como é que chegámos aqui. Com divida pública, com défice, mas sempre com um sorriso e ‘períodos de conversações’.
E aproveitando outros ditados populares: “enquanto o pau vai-e-vem folgam as costas” e “quem se lixa é o mexilhão”.
E lembrei-me agora: porque é que os manuais escolares não continuam a ser pagos pelas famílias e depois, no preenchimento do IRS, o estado devolve a totalidade do valor despendido? Isso sim era uma medida. As empresas que produzem os livros continuariam a enriquecer. As livrarias continuariam a encomendar e a vender os livros escolares, sem acumularem dividas e, segundo ouvi, sem recorrerem a créditos para poderem pagar o que devem relativamente aos manuais gratuitos (inacreditável). As famílias continuariam a encomendar e a pagar, com a certeza que, no mês de Março seguinte, receberiam a totalidade do valor despendido.
Mas esta medida deve ser inconstitucional… e pôr o estado a pagar tão rapidamente… era capaz de colapsar qualquer coisa…
Aguardemos. “Até ao lavar dos cestos há vindima!”
E um outro ditado popular que me lembro de ouvir desde sempre: “casa de pais, escola de filhos”. Que belo exemplo dá quem governa a quem é governado…
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