PODER
A fazer um zapping há uns dias, acabei por ver a parte final do filme “uma questão de honra”, naquela que na minha opinião, é a melhor cena de todo o filme. E a verdade é que fiquei a pensar no mundo. Ou melhor, nas pessoas que compõem o mundo civilizado.
Sim porque vivemos todos num mundo civilizado. Apesar das notícias nacionais e internacionais que todos os dias invadem as televisões, rádios, jornais e redes sociais.
Vivemos num mundo civilizado. Não sei se me dá vontade de rir ou de chorar.
O problema está no poder. Nos vários tipos de poder. O poder económico. O poder político. O poder dos políticos. O poder das influências. O poder armado. O poder religioso. O poder desportivo. O poder do populismo. O poder do fanatismo. O poder do medo. O poder da chantagem. O poder da ameaça. O poder da força. O poder da palavra. O poder de quem exerce o poder.
O problema está de facto, no poder.
E quem é que pode poder? Todo o ser civilizado que constitui o mundo civilizado.
E quem é que atribui esse poder? Todo o ser civilizado que constitui o mundo civilizado.
E quem é que obedece ao poder? Todo o ser civilizado que constitui o mundo civilizado.
E quem é que exerce o poder? Todo o ser civilizado que constitui o mundo civilizado.
A verdade é que o poder cria ditadores. Ditadores que exercem o poder e que têm executantes desse poder. Melhor dizendo: o ditador tem uma ideia mirabolante e os seus “paus-mandados” têm o poder de a executar. Quem é que é verdadeiramente o detentor do poder? O idealizante ou os seus executantes? E num hipotético código de honra (mostrado no filme), com o poder do medo e das consequências em desobedecer a uma ordem directa, alguém morre. E quem é o culpado? O ditador, que exerceu o seu poder supremo ou, o executante que com a força do medo e das consequências de uma desobediência, levou a cabo a ordem do ditador?
E se o ditador for um palerma? Serão também palermas os seus “paus-mandados”? E o mundo civilizado obedece e verga-se a um conjunto de palermas com poder. Porque afinal, foi um grupo de palermas que lhes deu esse poder: os seres civilizados que constituem o mundo civilizado.
E se transportarmos esta ideia para o nosso dia-a-dia? Quantos obedecem a quem não reconhecem qualquer capacidade de liderança ou de sabedoria? E quantos desafiam as ordens, directivas, orientações, desses seres civilizados que exercem o poder?
Vejo as imagens dos refugiados. Da Espanha, da Grécia, da Itália. Da Alemanha. Do México, da Venezuela, do Brasil. Dos Estados Unidos da América. Da Rússia. Das Coreias. Vejo as imagens de África (que também pertence ao mundo civilizado). Confesso que me assusta o futuro. Assustam-me os seres civilizados que constituem o mundo civilizado. Este mundo civilizado e global onde parecem falhar tantos princípios. Humildade. Respeito. Educação. Igualdade. Liberdade. Fraternidade. Direitos. Deveres. ...
O poder está instalado por todo lado (o que quer que seja que isto quer dizer) e esqueceu as pessoas, o motor do mundo civilizado.
E usando o poder que neste momento tenho sobre o teclado do computador, termino com um ponto final.
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