FESTA DO CABO

Datam do reinado de D. Pedro I (1366) as primeiras referências às romarias que se realizavam na direcção do Santuário do Cabo Espichel. Ali, um local de culto atraía religiosos e populares para uma comemoração que unia as duas margens do rio Tejo.

D. Pedro I reinou cerca de dez anos. Provavelmente, no reinado de seu pai, D. Afonso IV, esta romaria ao Cabo Espichel já ocorreria. E até quiçá, Inês de Castro tenha sido devota da Nossa Senhora do Cabo. Tudo é possível 😊

A verdade é que a Festa do Cabo é das mais antigas, se não a mais antiga festa religiosa do país. Tem pelo menos 652 anos! E o seu esplendor máximo terá sido atingido no reinado de D. José I, onde para além das festividades religiosas e das touradas que se realizavam naquela que dizem ser, a primeira praça de touros do país, a corte assistiria a espectáculos na Casa da Ópera. 

E chegavam todos a pé, num cortejo rico e sonoro, em cavalos brancos, carroças engalanadas, figurantes, trombeteiros, anjinhos,… o carro do pároco, as seges dos devotos, os reposteiros reais,… e os touros para a tourada e para o bodo! 

Lembro-me em miúda de irmos à Festa do Cabo de autocarro. Eram milhares de pessoas… 

Há uns anos, o meu pai perguntava: então mas vocês este ano não vão à Festa do Cabo? Era domingo, o último dia da Festa e nós tínhamos ido conhecer a terra de Catarina Eufémia: Baleizão. Mas viemos. Tarde. Depois de jantarmos. E chegámos ao Cabo Espichel. Um palco com um artista a cantar que não me lembro quem era e, bailarico. Roulottes de bifanas, farturas e pipocas. E nas arcadas, bancas com peças de artesanato. 

No dia da abertura do espaço da Mãe-de-Água depois de ter sido recuperada, uma amiga dizia que tinha dezenas de fotografias da Festa do Cabo, contando que aquela era uma Festa de família, de convívio, de partilha, de amizade. 

Há coisa de quatro anos, com a escrita do livro Pedra Alta, redescobri o Cabo Espichel e a Festa da Nossa Senhora da Pedra da Mua. Enquanto lugar de culto, de festa religiosa, de festa popular, de uma tradição secular. E como desde o seu início aquele espaço conseguiu agregar pessoas tão diferentes e de classes sociais tão distantes. Quase a lembrar o culto do espírito santo. Ou até a imagem que Gregório Lopes nos deixou debaixo do manto da Nossa Senhora da Misericórdia.

Para os que já leram o Pedra Alta, vai ser de certeza com um olhar diferente que vão experienciar a Festa do Cabo. Para os que ainda não leram, talvez um desafio: leiam as páginas 95, 96 e 97. Depois saltem para a página 120 e sigam o Professor Jaime Torcato 😊

E uma nota final, a Festa do Cabo é sempre, sempre, mas sempre, no último fim-de-semana de Setembro e não querendo “bater mais no ceguinho”, a Festa da Luz é sempre, sempre, mas sempre, no segundo Domingo de Setembro 😊 são coisas que se sabem 😊 não é preciso inventar nada. É a chamada cultura popular. E numa afirmação perfeitamente desnecessária, espero que ninguém se lembre de arranjar uma qualquer festa a coincidir com o 4 de Maio… 




























CARTAZ - Fonte: https://www.facebook.com/430868547406468/photos/a.451867245306598/457492538077402/?type=3&theater

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