PINTURA A PEDIDO
Hoje na conversa com um amigo, acabámos por falar em arte e nas várias formas de arte e quão libertadoras podem ser enquanto acto criativo.
Concluímos quase tristemente que, de todas as formas de arte, a arquitectura é aquela que nos dias de hoje se transformou numa mera ferramenta que permite a determinado cliente a obtenção da tão desejada licença de construção. E depois da licença, vêm as alterações e as legalizações àquele que foi o projecto inicial… é a única arte que sofre alterações depois de concluído o processo criativo.
Imaginemos o que seria por exemplo, Salvador Dali a corrigir e a alterar um qualquer quadro em função do gosto do cliente.
Ou Picasso, alterando e repintando as figuras de Guernica, mais ao gosto deste ou daquele.
Este meu amigo, tal como eu, anda agora dedicado a outras formas de arte. Livre. Sem regras. Apenas cumprindo a sua vontade.
E enquanto acto libertador, lembro-me que desde sempre, desenho e pinto. Para mim. Nunca pensei em mostrar ou expor ou vender. São coisas minhas. Claro que as pessoas mais chegadas conhecem algumas destas minhas criações 😊
Lembrei-me de um episódio ocorrido há alguns anos:
Um dia, na presença de uma das minhas pinturas, uma pessoa elogiando, pediu-me que lhe pintasse um quadro. Sem prazos. Quando tivesse inspiração. E eu aceitei.
Disse-me: só tenho duas condições a pedir-te: o quadro é para pôr na minha sala por isso usa cores que combinem com o tom dos cortinados e dos sofás.
Não respondi. Aquela condição cortou de imediato qualquer tipo de inspiração.
Escusado será dizer que até hoje ainda não pintei o quadro. E essa minha amiga entretanto já mudou de cortinados e de sofás!
Pergunto-me o que teria feito ao quadro se por ventura o tivesse pintado?
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